A chave gira na fechadura com mais força que o necessário. O barulho metálico ecoa pelo silêncio da casa. Alan Moretti empurra a porta, tropeçando no próprio pé, e entra cambaleando. O cheiro de uísque invade o ambiente antes mesmo que ele fale.
Vivian, sentada no sofá com um livro aberto nas mãos, ergue o olhar e arregala os olhos.
— Alan…? Sua voz treme.
— Você está bêbado?
Ele sorri de lado, um sorriso torto e perigoso.
— Estou… balbucia, largando a pasta de couro no chão.
— E sabe de uma coisa, Vivian? Fazia tempo que eu não ficava assim. Mas hoje… hoje precisava.
Vivian fecha o livro devagar, tentando manter a calma.
— Precisa se controlar… diz, levantando-se.
— Eu conheço esse olhar, e eu não quero que volte a ser o homem que era.
— O homem que era… Alan ri baixo, mas há amargura no som.
— E se eu nunca tivesse mudado, Vivian? E se você estivesse casada com o mesmo monstro desde o início?
— Não fale assim… Ela recua um passo, percebendo que ele não está apenas alterado.