A madrugada avança arrastada e silenciosa no Sítio dos Maia. O céu escuro parece pesar sobre o mundo, e a quietude do campo é tão profunda que só se ouve, de longe, o coaxar solitário de alguns sapos e o ruído do vento deslizando entre as folhas. A casa principal repousa sob a penumbra, como se adormecida junto com seus habitantes. No entanto, uma única exceção desafia a paz daquela noite: uma fresta de luz que escapa pela porta cerrada do escritório, cortando a escuridão como uma lâmina silenciosa.
Lá dentro, Ravi está imóvel diante do monitor, os olhos ardendo e injetados de sangue, fruto das intermináveis horas de vigília e tensão. O cansaço pesa como correntes presas aos ombros, mas ele se recusa a parar. A adrenalina não permite. Os dedos continuam ágeis, vasculhando os becos mais obscuros da deep web, navegando entre códigos, criptografias, arquivos escondidos em servidores anônimos, como quem pisa descalço sobre cacos de vidro, sabendo que qualquer erro pode significar o fim.
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