Infiel 

Rui encara o próprio reflexo no espelho do banheiro do bar e por um segundo mal se reconhece. Os olhos fundos, vermelhos, o maxilar travado. Não é por cansaço, nem por excesso de trabalho é dor. Uma dor que corrói, queima, arde mais do que qualquer processo perdido. Ele, o advogado frio, calculista, o homem que domina tribunais, que dita cláusulas com a precisão de um bisturi… agora não consegue segurar nem a própria alma nos eixos. Porque ela, Islanne, ainda mora ali. E porque ele viu. Viu tudo. Viu demais.

Volta ao balcão como quem não tem mais pressa de ir embora de si mesmo. Pede outra dose.

— Dobre o gelo, dobre o estrago — murmura, a voz rouca, o peito entupido de lembranças.

O uísque desce queimando, mas não mais do que o nome dela entalado na garganta. Islanne. A mulher que ele amava em silêncio gritante. Aquela por quem fez planos, gestos, jantares, bilhetes. Aquela a quem se entregou sem jamais tê-la de fato. Porque, no fim, ela nunca foi dele. Ela era dele. De Ravi. Seu ami
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