O cheiro do café recém passado se mistura ao silêncio tênue da manhã, mas é o som da xícara sendo colocada sobre a mesa que rompe, de vez, a calmaria. Eduardo está acordado antes mesmo do despertador, como se algo dentro dele estivesse em ebulição. Quando entra na cozinha, Mariana já está de pé, cabelos presos em um coque improvisado e olhos atentos, como se lesse os pensamentos do irmão apenas com um olhar. Eles se encaram por um segundo que diz tudo, o peso do passado, a tensão do presente e a urgência de mudar alguma coisa.
— Dormiu? — ela questiona, sentando-se à mesa com um sorriso debochado.
— O suficiente para lembrar que ainda tô em São Paulo — ele responde, com um suspiro contido.
— E com saudade de Darlene, pelo visto.
Eduardo não rebate. Apenas sorri de canto, servindo-se de pão e frutas enquanto observa a irmã. Mariana sempre teve essa mania de cutucar com elegância, mas hoje ele não se incomoda. Na verdade, está grato por aquele momento, por aquela casa e por aquela cumpl