O aroma do almoço se espalha por toda a sala, mas há algo mais denso que paira sobre a mesa a expectativa. Todos estão reunidos, talheres tilintando com moderação, conversas contidas. Marta segura Lua em seu colo, enquanto Jonathan, ao lado, tenta manter o semblante sereno. Mas é Heitor quem quebra o silêncio com a sua voz firme, lançando o prato de palavras bem temperadas no centro da mesa.
— Marta, precisamos conversar — começa ele, limpando a boca com o guardanapo.
— Mulher deve ficar com o marido na casa dele, minha filha. — Ele fala, sem rodeios, cruzando os braços no peito.
— Você deve voltar para São Paulo junto com o Jonathan. É o lugar de vocês. Família tem que tá debaixo do mesmo teto.
Marta aperta os lábios, olhando para o próprio colo. Suas mãos estavam inquietas, apertando uma na outra, como se quisessem arrancar dali uma resposta que ela mesma não sabia se tinha. Fica calada por alguns segundos, processando aquelas palavras que pareciam ecoar mais fundo do que gostaria.