O silêncio entre Marta e Jonathan não é comum. Não aquele tipo de silêncio. É denso, como névoa que entra pelas frestas, mesmo com as janelas fechadas. É um silêncio que se insinua pela pele, que atravessa o ar com um peso invisível. E Marta sente. Não com os ouvidos. Com o coração. Algo está fora do lugar. Algo muito maior do que todos estão dispostos a admitir.
Eles estão no quarto, afastados do restante da casa. Lua, a filha, dorme no colo de Cátia, sob os olhos atentos de Afonso. E mesmo com a tranquilidade do ambiente, Marta não consegue ignorar a inquietação que a percorre desde o café da manhã. Desde os olhares trocados entre Hernan e Don David. Desde o jeito como Lizandra desviou o olhar ao cumprimentá-la.