Cassandra Reimann acorda em um corpo que já não reconhece. O reflexo deformado na janela do apartamento emprestado devolve a ela uma verdade que dói mais do que qualquer queimadura, ela está reduzida a uma sobra, um espectro de quem já foi. Ontem mesmo, dormia encolhida sob a marquise gelada de uma loja fechada, espantando ratos com os pés, rezando para que o frio da noite não a matasse antes da manhã. Hoje, ao menos, tem um teto. Não é seu, não é conquistado, mas é algo. E, depois da humilhação pública e das gargalhadas cruéis que a seguiram quando foi confundida com um monstro à solta, a sensação de estar entre quatro paredes seguras é quase um bálsamo.
Ela lembra-se da cena como uma punhalada, os homens bêbados que tentaram agarr&aa