O barulho é rápido, mas ecoa como um trovão no vazio do estacionamento. O clarão acima apaga de vez, mergulhando tudo em uma penumbra sufocante.
E naquele instante…
O tempo para.
Islanne sente um calor súbito subir pelo peito, seguido de um frio que paralisa. O corpo dela enrijece. Cada músculo, cada respiração, cada pensamento… suspensos. A sensação é a de cair de uma altura infinita, sem movimento, sem chão.
É quando flashes começam a surgir.
Imagens da infância, da mãe penteando os seus cabelos. O som da gargalhada de Afonso a colocando nos ombros. A mão de Jonathan, ainda criança, puxando a sua com medo do escuro. O primeiro dia na presidência. O primeiro dia com Lua no colo. Tudo. Tudo passa diante dos olhos como um mosaico partido de lembranças.
Ela sente o peso da arma contra a cintura, como uma âncora. A mão instintivamente desliza até lá.
Mas antes que consiga sacar, uma mão firme toca seu ombro.
— Calma — diz Gabriel, a voz controlada, sem emoção.
— Foi apenas um curto circ