Fernanda
As pedras do colar reluziam contra meu pescoço, mas não conseguiam esconder o aperto no peito.
Mais uma noite.
Mais uma máscara.
Fechei o batom com força e me encarei no espelho, analisando cada detalhe como se fosse uma detetive tentando entender quem, exatamente, eu tinha me tornado. Os cílios postiços, o vestido justo, a pulseira de ouro no pulso — tudo parecia elegante. Impecável. Como se a mulher ali refletida estivesse exatamente onde queria estar.
Mas não era bem assim.
Suspirei fundo e fui até a cama, onde os saltos vermelhos me esperavam como armadilhas disfarçadas de desejo.
Desde que vim morar com Guilherme, parecia que eu tinha trocado uma prisão invisível por outra mais bonita.
Claro, o apartamento era um luxo. Vista pro mar. Armários cheios de roupas importadas. Frigobar abastecido com champanhes que eu nem sabia pronunciar o nome. E ele... ele era intenso. Dominador. Sedutor de um jeito bruto, perigoso, que me fazia perder o fôlego só de ouvi-lo trancar a porta