📓 Narrado por Clara — Noite fria, saída da igreja
O vento gelado bateu no rosto, e por um instante eu só fiquei parada, observando o reflexo das luzes no chão molhado.
Respirei fundo, o folheto ainda amassado entre os dedos, tentando guardar dentro de mim o que tinha acabado de ouvir.
O pastor falara sobre amar a si mesma, sobre não aceitar o amor que apaga, e eu jurava que o mundo estava me mandando um recado claro.
Mas bastou o celular vibrar de novo pra fé balançar.
Tirei o aparelho da bolsa.
Miguel Satamini.
A notificação pulsava como um chamado.
Abri a mensagem.
> Miguel: “Te espero no meu apartamento hoje. Sem desculpas.”
Só isso.
Curto. Frio.
O tipo de mensagem que ele mandava quando queria me ter não me ouvir.
Fiquei olhando pra tela, o coração batendo forte.
O contraste era cruel.
Há minutos eu ouvia sobre amor que liberta… e agora, ele me chamava pra voltar pro cativeiro bonito que era o toque dele.
> “Te espero.”
Como se eu fosse obrigação, como se o dese