📓 Narrado por Miguel Satamini — Terça-feira, 09h30 da manhã

O barulho do chuveiro era o único som dentro do apartamento. A água quente descia pesada pelas costas, escorrendo até os pés, e mesmo assim, eu não conseguia lavar a noite anterior.

Podia esfregar até arrancar a pele o cheiro dela continuava ali.

Encostei as mãos na parede fria do box e fechei os olhos. O vapor tomava o banheiro inteiro, mas o que queimava era por dentro.

Cada lembrança vinha em flashes o corpo dela arqueando contra o meu, o som da respiração acelerada, o jeito como ela sussurrou meu nome como se não quisesse, mas precisasse.

E depois… o silêncio.

O silêncio dela dizendo mais do que qualquer palavra conseguiria.

Abri os olhos, prendi o ar e deixei a água escorrer pelo rosto, tentando empurrar aquele peso pra ralo abaixo. Mas não dava.

Tinha algo em Clara que grudava.

Não era amor eu não acreditava nessas merdas mas também não era só desejo. Era um tipo de vício que começava no cheiro e te