📓 Narrado por Miguel Satamini — Domingo de manhã
Peguei a calça do chão, ainda amassada da pressa da noite anterior, e vesti devagar, ajeitando o cinto. O silêncio do chalé era cortante, como se até as paredes tivessem assistido ao que aconteceu e agora se calassem para não me expor.
Passei os olhos pelo quarto. Lençol bagunçado, travesseiros espalhados, cheiro de sexo impregnado no ar. Mas Clara? Nada. Nem um sinal.
Curvei o corpo, procurando a camisa que tinha deixado jogada perto da cama. Revirei o chão, olhei perto da cômoda, até na cadeira do canto, mas a porra da camisa preta tinha sumido.
Soltei uma risada baixa, rouca. — Maldita… — murmurei sozinho. — Além de fugir, ainda leva lembrança.
Passei a mão pelo rosto, ajeitei o relógio no pulso e finalizei com a jaqueta que estava pendurada na cadeira. A ausência da camisa colava na minha pele como provocação, como se ela tivesse deixado um recado mudo: eu estive aqui, e você não vai esquecer.
Peguei as chaves do carro em cim