capítulo 123

📓 Narrado por Miguel Satamini

A chuva fina começou a cair quando parei o carro em frente à clínica.

As luzes do prédio eram fracas, algumas janelas já apagadas, o letreiro azul desbotado pela maresia.

Fiquei um tempo dentro do carro, com o motor ligado, olhando o reflexo das gotas escorrendo no vidro.

Não sabia se era medo ou esperança o que eu sentia talvez os dois.

Peguei o envelope, dobrei e enfiei no bolso.

O ar tinha cheiro de desinfetante e saudade.

Entrei.

O corredor estava quase vazio.

No balcão da recepção, uma moça de jaleco folheava prontuários, a caneta presa entre os dedos.

Levantei a mão devagar.

— Boa noite.

Ela ergueu os olhos e me mediu de cima a baixo, com aquele olhar de quem não tem tempo pra conversa.

— Boa noite. Atendimento agora só pra emergência.

— Eu não vim pra consulta. — falei, firme. — Só preciso de uma informação.

Ela suspirou, olhou pro relógio de parede e fechou a pasta.

— Pois diga.

— Eu tô procurando uma paciente. — disse, tirand
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