📓 Narrado por Miguel Satamini
A chuva fina começou a cair quando parei o carro em frente à clínica.
As luzes do prédio eram fracas, algumas janelas já apagadas, o letreiro azul desbotado pela maresia.
Fiquei um tempo dentro do carro, com o motor ligado, olhando o reflexo das gotas escorrendo no vidro.
Não sabia se era medo ou esperança o que eu sentia talvez os dois.
Peguei o envelope, dobrei e enfiei no bolso.
O ar tinha cheiro de desinfetante e saudade.
Entrei.
O corredor estava quase vazio.
No balcão da recepção, uma moça de jaleco folheava prontuários, a caneta presa entre os dedos.
Levantei a mão devagar.
— Boa noite.
Ela ergueu os olhos e me mediu de cima a baixo, com aquele olhar de quem não tem tempo pra conversa.
— Boa noite. Atendimento agora só pra emergência.
— Eu não vim pra consulta. — falei, firme. — Só preciso de uma informação.
Ela suspirou, olhou pro relógio de parede e fechou a pasta.
— Pois diga.
— Eu tô procurando uma paciente. — disse, tirand