**Narrado por Clara**
A porta se fechou atrás de mim e a atmosfera do ambiente imediatamente mudou de forma.
Primeiro, a impressão da sala. Vidro, aço, linhas retas. Um minimalismo gélido que emana poder. O próprio espaço já é um teste mental. Não há quadros para desviar a atenção, nem cores que achem um jeito de suavizar o ambiente. Só a cidade inteira se prostrando do outro lado da janela, como se quisesse lembrar que ali dentro o verdadeiro senhor não era o prefeito, nem os investidores era ele.
E então, ele.
Miguel Satamini.
O nome que já havia reverberado em reuniões, em reportagens, nas conversas e murmúrios da Vértice. Agora, ele estava diante de mim, mais palpável do que qualquer título de jornal. Vestido com um paletó claro, uma camisa branca imaculada e uma barba aparada com uma precisão quase cirúrgica. Seus olhos cinzentos são impassíveis, não piscam sem uma razão de peso. É o tipo de homem que ocupa espaço sem pedir permissão e faz questão de te lembrar disso constantem