Ana Kelly narrando
A sirene da ambulância ecoava como se estivesse dentro da minha cabeça. Eu tava deitada, ainda na mesa da sala de reunião, com aquela luz branca me cegando um pouco e um enjoo amargo subindo pela garganta. Sentia a mão do Anthony segurando a minha com tanta força que parecia querer me passar a força dele só no toque.
— Ela tá estável, mas a pressão ainda tá baixa — ouvi o doutor Cláudio dizer. — Vamos pra ambulância, com cuidado.
Me senti sendo erguida com cuidado pelos socorristas. Colocaram uma maca de transporte e prenderam o cinto devagar. Anthony não saía do meu lado, e o olhar dele, meu Deus… Parecia que o mundo dele tava desabando.
— Tô bem, amor — murmurei, mesmo sabendo que ele sabia que eu não tava. Mas era o que eu podia dar naquele momento: alívio.
Quando entramos na ambulância, o doutor veio junto. Colocaram oxigênio, começaram a medir tudo de novo: pressão, glicose, batimentos.
— A glicose tá baixa, como imaginei. Vamos administrar um pouco de glicose