Bárbara Narrando
Eu não contei pra ninguém. Nem um aviso, nem uma mensagem. Nada.
Não ia dar tempo de despedida, e sinceramente? Nem era isso que eu queria. Quando a Brenda morreu, eu entendi o recado. A próxima seria eu. Não tinha mais espaço pra dúvida, pra tentar entender de onde vinha o golpe. Eu precisava sumir. E rápido.
Fiz tudo calada. Vendi o que dava pra vender. Joguei fora o que não valia a pena carregar. O apartamento, o carro, os móveis… tudo se desfez nas minhas mãos em menos de duas semanas. Cada transação era feita com cuidado. Nenhum barulho, nenhum rastro. Meu nome ia desaparecer do mapa.
Agora tô aqui, sentada no portão de embarque com o coração disparado e uma mala que carrega o pouco que me sobrou. Nova York. Não era meu sonho, nunca foi. Mas era o único lugar pra onde eu podia ir com o passaporte em dia e um visto ainda válido.
Meu celular vibrou. Olhei o visor, desliguei. Último gesto antes de desaparecer de vez.
O avião já tá chamando os passageiros e minhas p