Anthony Narrando
Acordei com o sol entrando devagarinho pela janela, o quarto ainda com aquele cheirinho de perfume dela misturado com o sabonete que a gente usou na noite passada. Era real. Era tudo real. Ela tava ali, deitada do meu lado, com a mãozinha apoiada na barriga... nossa barriga. A minha mulher. A mãe do meu filho. E eu? Ainda tentando entender como fui merecedor de tanto.
Não consegui só olhar. Precisei sentir. Me aproximei devagar, encostei o rosto no pescoço dela e comecei a encher de beijo, do jeitinho que ela gosta. Ela soltou um sorrisinho, ainda com os olhos fechados.
— Ana Kelly — sussurrei no ouvido dela — acorda, meu amor.
— Hmm... — ela murmurou, sorrindo de leve. — Tá carinhoso hoje, hein?
— Tô é bobo ainda, sem acreditar que a gente vai ser pai e mãe. Não consigo parar de te olhar.
Ela abriu os olhos devagar, meio sonolenta, meio encantada.
— Eu ainda tô digerindo tudo também — ela falou, acariciando meu rosto. — Mas acordar assim… podia ser todo dia.
— Pode,