O tempo e a vírgula.
O beijo se aprofundou, um eco suave na galeria silenciosa. Não havia a urgência de antes, apenas a certeza de dois corpos que se reconheciam, se completavam. As mãos de Leonardo deslizaram para a cintura de Clarice, puxando-a para mais perto, enquanto as dela se enroscavam em seus cabelos, macios e levemente desalinhados. O cheiro de tinta a óleo e o perfume amadeirado dele se misturavam, criando uma fragrância particular que ela, sem saber, associaria a ele para sempre.
Era um beijo que falava de saudades não ditas, de medos superados e de um futuro incerto, mas tentador. O "agora" era tudo o que importava, um universo particular onde o tempo se dobrava e a realidade lá fora parecia distante. Quando o fôlego começou a faltar, eles se separaram, mas apenas o suficiente para que suas testas se encostassem, os olhos ainda fechados, absorvendo a intensidade do momento.
— Isso — Leonardo murmurou, a voz rouca —, foi ainda melhor sem plateia.
Clarice riu, um som baixo e melódico que preenc