O silêncio que se instalou após o beijo era denso. Como se o mundo tivesse prendido o fôlego, respeitando aquele instante roubado do tempo.
Clarice ainda sentia os lábios trêmulos. Não era o frio do entardecer — era o calor dele. O gosto dele. O arrepio de algo que finalmente se libertava dentro dela.
Leonardo a olhava em silêncio, mas seus olhos diziam demais. Um convite. Um risco. Um desejo que não se escondia mais.
— A gente deveria... — ela começou, mas a voz falhou.
Ele ergueu o dedo indicador até os lábios dela, em silêncio, e depois segurou sua mão com firmeza.
— Vem comigo — disse, e o tom era uma promessa.
Atravessaram os arcos do aqueduto em direção ao celeiro antigo. Lá dentro, o som do vento era abafado por tábuas envelhecidas e o cheiro de madeira úmida. O gravador, esquecido sobre uma mesa de ferramentas, ainda carregava os ecos da canção que haviam gravado juntos. Mas agora, o silêncio tinha outro timbre.
Leonardo encostou a porta devagar, deixando apenas uma fresta por