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Bisa Marrie respondeu com um som de "humhum" e saiu carregando uma mala, acenando positivamente com a cabeça, ela então foi até a cozinha e eu a segui.

— O que você veio pegar? Esqueceu de pôr algo na mala?

— Apenas evitando de sermos extorquidas no aeroporto. — Ela piscou para mim e mostrou os salgadinhos que ela estava pondo em uma sacola.

— Bisa Marrie, você é a melhor!

Momentos depois, o uber chegou e nos levou para o aeroporto. O tempo de espera era longo, mas eu e a bisa conversamos sobre sua viagem, acontece que um grupo de velhos bruxos resolveram fazer uma assembleia para compartilharem seus conhecimentos e estudarem juntos antigos feitiços. Basicamente um acampamento de idosos estudiosos.

Sem que eu percebesse os salgadinhos acabaram e o horário do voo da bisa havia chegado.

— Boa sorte, bisa Marrie. Toma cuidado e se cuida! — Eu a abracei firme não querendo soltar.

— Obrigada, Marian. O mesmo para você, não se meta em encrenca só porque não estou aqui!

Eu ri e a soltei do abraço respondendo:

— Eu não vou, olha para mim. — Abri os braços e girei em volta de mim mesma. — Tenho trinta anos agora!

Desta vez, foi a bisa que riu e balançou a cabeça.

— Eu não acredito que minha netinha já tem trinta anos. Vou sentir saudades, sua pirralha! — A bisa bagunçou meus cabelos fungando.

— Eu também vou sentir muita saudade de você!

No final, embora eu tenha tentado evitar, as lágrimas ainda insistiram em descer. A despedida acabou e a bisa Marrie embarcou em seu voo para a Europa. Voltei para casa de uber, ao entrar na casa vazia, eu me senti solitária.

— Serão seis meses sem a bisa Marrie.

A fixa ainda não havia caído.

Eu cresci sendo criada pela minha bisavó, já que minha mãe estava sempre ocupada viajando por causa de seu emprego e a minha vó faleceu quando a minha mãe ainda era apenas um bebê. Não seria errado dizer que a bisa Marrie é mais próxima de ser a minha mãe do que a minha própria mãe.

Embora eu não culpe a minha mãe, eu sou uma adulta agora e entendo que a vida às vezes tem dessas. Um saco, mas é a realidade, fazer o quê?

É o mesmo que minha realidade agora, vou passar seis meses sem a minha bisa, pelo menos ela, eu sei que vai estar se divertindo. Caminhei de volta para o meu quarto tirando os tênis, não sei onde joguei cada par ou onde as minhas meias foram parar, mas quando cheguei no quarto estava descalça.

Sentei na cama e olhei a caixa, ponderei sobre deixar para amanhã ou olhar agora. Felizmente, a minha curiosidade venceu e retirei o primeiro livro e o folheei. Logo retirei todos e olhei para cada um, eram todos livros de feitiços antigos, mas não havia nada interessante para mim. A bisa simplesmente me deu seu lixo para ser meu lixo.

Coloquei a caixa no chão e liguei o abaju, para só então apagar as lâmpadas e dormir.

Eu tive um sonho bom e acordei no outro dia muito feliz. A felicidade durou pouco quando percebi que tinha que ir trabalhar, infelizmente o meu aniversário foi em uma quarta-feira. Logo, quinta-feira ainda é um dia útil e todos os meros mortais devem ir trabalhar.

Para o meu azar, eu era uma mortal que foi dormir depois das três da madrugada. Sem tempo para me lamentar, eu me arrastei para o banheiro e me arrumei para ir trabalhar. O dia na empresa de arquitetura que trabalho passou rápido, e quando vi já era o horário de ir embora, eu levantei os braços para o céu e agradecei que finalmente estava indo para casa.

Não me entenda mal, eu amo o meu trabalho, mas quem consegue amar trabalhar todo dia? Bom, eu não consigo e só quero a minha cama. A exaustão de não ter dormido o suficiente e o cansaço de um dia de trabalho já haviam me pegado.

Voltei para casa e me preparei para jantar e dormir. Binho estava bem e continuou na sala, o pequeno não quis me acompanhar para o quarto. Na minha cama, pronta para dormir às nove horas, eu apenas pensava no quão triste é amanhã ainda ser sexta-feira.

Na sexta de manhã, recebi um e-mail avisando de uma confraternização em comemoração ao contrato assinado entre a minha empresa e a empresa Camden de arquitetura. Era o início de uma próspera colaboração, mas o que chamou a minha atenção foi a pequena parte que dizia que integrantes de ambas as empresas comparecerão!

— Será que ele estará lá? Gabriel Camden. — perguntei para mim mesma em voz alta.

O mais novo CEO da empresa Camden, um jovem impressionante que alcançou um cargo tão alto com apenas vinte e seis anos.

— É óbvio que ele conseguiu, o pai dele não faleceu à uns dois anos? É só mais um nepo baby.

Embora ele de fato seja um nepo baby, eu ainda secretamente ansiei por encontrar ele na confraternização.

A sexta-feira passou e assim que voltei para casa depois do trabalho, resolvi mover a caixa que a bisa Marrie me deu.

— Eu vou apenas devolvê-la para o quarto da dona. — murmurei.

Levei a caixa até o quarto da bisa e a coloquei dentro do armário. Eu estava para fechar a porta quando vi um pedaço de papel amarelado saindo de dentro de um dos livros no armário.

— Oh, minha bisa, por favor me perdoe por mexer nas suas coisas. — falei e peguei o pedaço de papel, não tinha nada escrito nele, então peguei o livro para folhear.

Era um livro de feitiços, como já esperado, mas esse parecia diferente, são inúmeros feitiços que nunca havia visto antes e são muito interessantes também. Olhei de soslaio para a cama da bisa como se ela estivesse lá.

— Por que você escondeu esse tesouro de mim?

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