A governanta balançou a cabeça:
— A senhorita não voltou. Nem deu sinal de vida.
Axel franziu o cenho:
— Já faz mais de uma semana. Amanhã é o Festival da Lua Cheia... Como é possível que ela ainda não tenha voltado?
A governanta, que trabalhava havia anos para a família e sempre tivera um carinho especial por Ember, respondeu friamente:
— Não saberia dizer.
Axel quis perguntar mais alguma coisa.
Willow revirou os olhos, impaciente, e se agarrou ao braço dele, resmungando:
— Ela vai voltar uma hora dessas.
— Irmão, esquece isso.
— Vem ver o livro de histórias novo que comprei. Você pode ler para mim hoje à noite.
De repente, Axel se sentiu irritado.
Lembrou-se de como Willow havia falado o nome de Ember com desprezo no Caribe.
Agora, ela claramente não se importava com o fato de Ember estar desaparecida há dias.
Quanto de sinceridade existia naquele uso constante da palavra “irmã”?
A governanta voltou para a cozinha, murmurando:
— Já que o patrão não se importa mais com a senhorita, para que ficar perguntando?
Aquelas palavras atravessaram o coração de Axel como um espinho invisível.
Willow resmungou, emburrada:
— Ela já é adulta, não vai se perder por aí.
Uma raiva súbita tomou conta dele.
Axel afastou violentamente a mão que o segurava.
Com o rosto fechado, subiu as escadas sem dizer mais nada.
Atrás dele, Willow choramingou de forma exagerada:
— Irmão, eu falei alguma coisa errada?! Você não vai mais ler meu livro de histórias?!
Axel não olhou para trás. Respondeu com frieza:
— Você está na sexta série. Não sabe ler sozinha?
O choro magoado de Willow começou na mesma hora.
No passado, Axel certamente teria voltado para consolá-la.
Sempre que ela chorava, ele atendia a qualquer pedido.
Sempre acreditou que, se não fosse bom para Willow, estaria falhando com os pais... E com o guerreiro que tentou salvá-los.
Mas já se haviam passado quatro anos. Quatro longos anos.
Quatro anos mimando Willow em tudo, cuidando dela com extremo zelo, convencido de que assim honrava a memória do guerreiro que pereceu nas chamas tentando salvar seus pais.
Mas.... e Ember?
E a própria irmã de verdade?
Axel subiu até o quarto de Ember.
Parou em frente à porta, hesitante.
Empurrou-a lentamente. O cômodo estava completamente vazio.
Entrou e olhou ao redor, só então percebendo quantas coisas ela havia levado.
Um desconforto súbito se espalhou por dentro dele.
Como vinhas finas e invisíveis subindo pelo pescoço, apertando a garganta, sufocando devagar.
Sentou-se no sofá e pegou o celular. Abriu as mensagens, rolou para cima e para baixo.
Nada.
Nenhuma ligação perdida, nenhuma mensagem de Ember.
Nenhuma atualização nas redes sociais.
Nada.
Por que ela ainda não tinha voltado para casa?
Ele rolou a lista de contatos repetidamente, até que finalmente cedeu e ligou para o Professor Zhang, o orientador acadêmico de Ember.
A chamada foi atendida rapidamente, e a voz firme do professor de meia-idade soou do outro lado da linha.
Axel enrolou-se, deu voltas no assunto por um tempo.
Até que, com certa hesitação, perguntou, sem jeito:
— A Ember.... ela tem te dado algum problema esses dias?
A voz do Professor Zhang demonstrou confusão:
— Ember? Como ela poderia me dar algum problema agora?
Por algum motivo, as têmporas de Axel começaram a pulsar intensamente.
— Ela não está com você numa viagem de trabalho? Ela... Ainda não voltou, né?
Houve um longo silêncio.
Quando a voz do professor voltou, vinha carregada de uma tristeza impossível de disfarçar:
— Axel... Que tipo de brincadeira é essa?
— Sim, fui eu quem acompanhou Ember até lá... Mas como ela poderia ter voltado comigo?