Pintada com uma delicadeza feroz. Os traços reconhecíveis, o olhar capturado com precisão. É estranho se ver assim, através dos olhos de alguém que te amou. E talvez tenha odiado com igual intensidade. Meu peito aperta. Sinto algo se remexer dentro de mim — saudade, tristeza, raiva, confusão. Tudo ao mesmo tempo.
Levo a mão ao peito, tentando conter aquela dor silenciosa que insiste em me lembrar do que perdemos. Meus olhos se enchem de lágrimas. Eu queria não sentir. Queria ser fria, calculista, profissional. Mas aqui dentro, nesta sala cheia de fantasmas, não tem máscara que resista.
E então, sinto.
Um arrepio.
Como se alguém me observasse.
Viro o rosto rapidamente, com o coração aos pulos. Olho para trás. Para os cantos. Para a porta entreaberta.
Nada.Mas eu senti. Será que era ele? Tristan?
Meus olhos ainda ardem quando tento me convencer de que é só impressão. Meu cérebro pregando peças, confundido pelo cheiro, pelo ambiente, pela lembrança viva que aquele quadro traz.
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