Sou eu

Eu soube que ela havia chegado no exato instante em que o ar da casa mudou. Era algo sutil, mas inconfundível — como uma memória entrando pela fresta de uma janela. O tipo de silêncio que anuncia o inevitável. Eu não precisava vê-la para saber. A presença dela era uma ferida antiga, ainda pulsante, e bastava que ela respirasse sob o mesmo teto que eu para que meu corpo todo entrasse em alerta.

Estava no andar de cima, refugiado no ateliê, longe o suficiente para não cruzar com ela, mas perto demais para não sentir o efeito da sua chegada. Eu me prometi que não desceria. Não depois do que aconteceu entre nós na boate.

“ eu preferia que você tivesse morrido de verdade.”

Ela disse aquilo com uma frieza tão precisa, tão afiada, que por um momento achei que meu coração tivesse parado. Não era uma frase dita no calor do momento — era uma conclusão, como se ela realmente tivesse pensado sobre aquilo. E embora eu não quisesse admitir, aquilo me atravessou. Doeu de um jeito que nem o fogo c
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