Capítulo 4
Assim que a voz aflita do funcionário se calou, Leonardo se levantou de súbito.

Toda a razão o abandonou, restando apenas o pânico estampado em seu rosto.

— Juliana! Como ousa… — Rosnou, quase rangendo os dentes.

Em todos esses anos ao lado dele, era a primeira vez que o via perder o controle daquela forma.

Sem me dar a menor chance de me explicar, ele fez um sinal brusco.

Os seguranças atrás dele me agarraram à força e me arrastaram até o carro, levando-me direto para a casa de Amanda.

A mansão estava em caos.

Todas as fotos dela com Leonardo haviam sido despedaçadas e espalhadas pelo chão.

Amanda jazia na cama, o rosto pálido como a morte, o peito quase imóvel.

As pernas de Leonardo cederam, ele cambaleou e praticamente se lançou sobre ela, agarrando sua mão gelada com desespero.

— Amanda! Olhe para mim! Eu não vou me casar! Acorde! Abra os olhos! — Sua voz tremia como se fosse se despedaçar junto com ela.

Ao lado da cama, repousavam o frasco entreaberto de calmantes e uma carta de despedida marcada de sangue.

Nas linhas, Amanda me condenava sem piedade, transformando cada palavra em acusação contra mim.

As pupilas de Leonardo se contraíram num espasmo de fúria.

Ele se virou de repente e, sem hesitar, suas mãos se fecharam em torno do meu pescoço.

Não percebeu que o frasco ainda estava quase cheio, Amanda mal havia ingerido alguns comprimidos.

Leonardo rugiu como uma fera enlouquecida:

— Juliana! Por que fez isso?! Você queria se casar comigo, eu aceitei! Por que precisava levá-la à morte?! O que ela fez de errado?!

O olhar dele, transbordando ódio, atravessava meu coração como punhais de gelo.

Leonardo… Nunca acreditara em mim.

— Eu não a obriguei a se matar… E também não quero me casar com você. Só fui até lá para recuperar o anel do meu pai…

As palavras saíram partidas, quase sem ar, sufocadas pela pressão que me esmagava a garganta.

Eu sabia: não importava o que dissesse, ele jamais acreditaria.

No instante seguinte, Leonardo me soltou.

Um estalo seco.

A visão escureceu, e uma dor lancinante tomou conta de mim.

Ele me deu um tapa com toda a força, os olhos injetados de sangue, tomado pelo ódio.

Em seguida, arrancou brutalmente do dedo o anel de metal, o último objeto que meu pai deixara neste mundo.

E, diante de mim, abriu a mão.

O anel caiu no chão e se despedaçou.

Os fragmentos se espalharam como cacos de memória.

A última herança de meu pai, reduzida a pó.

Fiquei paralisada, olhando para os fragmentos aos meus pés, enquanto meus lábios tremiam sem controle.

— Já que você queria tanto, aí está de volta! — A voz de Leonardo ecoou carregada de rancor. — Você acha que dez anos atrás eu agradeci por seus pais terem me salvado? Se eu soubesse que teria de pagar com meu casamento e minha liberdade, eu teria preferido morrer naquele atentado! A morte deles foi uma escolha deles! Por que eu deveria carregar essa corrente pelo resto da vida?!

O tom dele transbordava ódio acumulado ao longo de uma década, e a encenação de Amanda havia destruído de vez sua razão.

O olhar que me lançou tornou-se cada vez mais gélido.

Leonardo pegou o frasco de calmantes no chão.

Com um simples gesto, um dos seguranças atingiu violentamente a parte de trás dos meus joelhos, obrigando-me a cair diante dele.

— Leonardo! Você enlouqueceu?! — Gritei, em desespero.

Ele segurou meu queixo com brutalidade e, sem me dar escolha, despejou o resto das pílulas contra a minha garganta.

Os comprimidos arranharam meu esôfago como lâminas, trazendo uma dor insuportável e a sensação de sufocamento.

— Quando Amanda tomou os remédios, deve ter sentido dor ainda maior! Agora é a sua vez de provar do mesmo inferno! — Rugiu, com os olhos em chamas.

Tentei cuspir as pílulas, mas a mão do segurança abafou minha boca, enquanto seus dedos me apertavam o pescoço, forçando-me a engolir.

O ar fugia dos meus pulmões, e a sensação de asfixia me envolvia como um véu negro. Minha consciência começou a se apagar…

Antes que a escuridão me engolisse por completo, Leonardo se inclinou sobre mim, e em seus olhos já não havia nada além de frieza e decisão:

— Juliana, vou pedir à minha mãe que rompa nosso noivado. Foi meu erro. Eu deveria ter escolhido Amanda desde o início.

Uma lágrima escorreu pelo canto do meu olho.

Eles se foram sem olhar para trás, deixando-me caída no tapete, contorcendo-me em agonia, até que minha consciência se afundou no breu sem fim.

Leonardo se arrependera de ter se obrigado a cumprir aquele noivado.

Mas, no fundo, eu já havia feito a escolha por ele muito antes…

Do lado de Leonardo...

— Os sinais vitais estão estáveis. A dose ingerida não foi suficiente para ser letal. Logo ela vai recobrar a consciência.

Ao ouvir a confirmação do médico particular, Leonardo finalmente soltou o ar que prendia no peito.

Sua mente, no entanto, ainda zumbia, entorpecida pelo pânico e pela fúria que o haviam dominado momentos antes.

Tudo tinha acontecido rápido demais.

Ao ver Amanda estendida na cama, sem vida aparente, ele realmente sentira o pavor tomar conta, sufocante.

Mas, ao recuperar por um instante a lucidez, a respiração de Leonardo travou de repente!

Uma lembrança o atingiu como um soco: eu, que também havia sido obrigada a engolir uma quantidade enorme de comprimidos.

O arrependimento o tomou de assalto, brutal, arrancando-lhe o chão sob os pés.

Estava tão obcecado com Amanda que havia me esquecido por completo.

Ele se virou bruscamente para os homens atrás de si, a voz carregada de urgência:

— E Juliana?! Vocês a levaram ao hospital? Mandem o médico fazer a lavagem estomacal imediatamente! Esta história… Acaba aqui!

Os olhares dos seguranças se cruzaram, hesitantes, até que um deles respondeu com a voz trêmula:

— Chefão… O senhor não ordenou que levássemos a Srta. Juliana ao hospital… Nós… Nós seguimos sua ordem e a deixamos lá…
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