Eu não via meu marido da máfia, Luca Moretti, nem nossa filha Dora, havia três longos meses. Por quê? Porque a mãe dele, Fiona, disse que Dora deveria ficar com ela "por um tempo". E Luca? Ele estava "ocupado demais com os negócios", como sempre. Então, quando Luca finalmente ligou dizendo que viria me buscar para uma reunião de família na mansão, fiquei radiante. Achei que talvez, só talvez, eu finalmente pudesse segurar minha garotinha de novo. Passei o dia inteiro correndo pela cidade, comprando suas bonecas favoritas, lanches, um novo vestido cor-de-rosa, qualquer coisa que pudesse fazê-la sorrir para mim outra vez. Mas quando o carro chegou, não era nada do que eu tinha imaginado. Antes mesmo que eu pudesse dizer "Oi", Dora virou o rosto, me olhou por um instante… e então apertou os braços ainda mais em torno de Maria, a empregada. Ela enterrou o rosto no pescoço de Maria como se eu nem estivesse ali. Como se Maria fosse a mãe dela. Tentei me aproximar, mas Dora disse, sem rodeios, que não queria andar no mesmo carro que eu. E Maria, com aquele sorriso falso e educado, continuava tentando me convencer gentilmente a dar a Dora "um pouco mais de tempo". Olhei para Luca, esperando que ele interviesse. Em vez disso, ele apenas pareceu irritado, como se não se desse ao trabalho de mover um dedo para ajudar a consertar as coisas entre mim e nossa filha. Estava claro que não me queriam ali. Então, qual era o sentido de tentar entrar naquele carro? Dei um passo para trás, afastando-me do SUV. Então Luca apenas se virou para mim e disse: — Só espere aqui. Não vou demorar. O que ele nunca vai entender é… que eu cansei de esperar por ele.
Leer másQuando saí da clínica, Dora correu atrás de mim. — Mamãe, espera! Quero ir com você. Ela pegou minha mão, e eu olhei surpresa. No pulso dela não estava a pulseira de diamantes que Fiona lhe dera, mas sim a que eu mesma tinha feito à mão, com miçangas cor-de-rosa e pequenos pingentes de desenho animado. Sem brilho, sem luxo. Apenas amor. Sorri de leve e apertei sua mão de volta. — Você escolheu usar essa? Ela assentiu. — É a minha favorita. Caminhamos juntas pelo corredor até a sala de estar. Ao virarmos a esquina, demos de cara com o pai de Luca, o próprio Don Moretti. Ele parecia… mais velho. Mais lento. Havia muito mais fios brancos em seu cabelo penteado para trás do que eu lembrava. Já não era o mesmo homem de punho de ferro de antes. Ele me examinou de cima a baixo e disse, com aquela voz grave e indecifrável: — Subestimei você, Catrina. Nunca pensei que Luca pudesse se apegar tanto a alguém. Ergui a sobrancelha, pronta para retrucar, mas então a voz dele s
Naquele aniversário, desliguei o celular. Não aguentava mais uma ligação, mais uma mensagem, mais um pedido de desculpas vazio. Eu só precisava respirar. Em vez de voltar para a casa que eu tinha alugado, comecei a andar. Meus passos me levaram por estradas tortuosas e pelo vale, e quando percebi, estava parada não muito longe da minha antiga casa. A casa dos meus pais. Ela tinha sido vendida depois que eles morreram, e o dinheiro me ajudou a alugar um apartamento na cidade e a me sustentar sozinha. Tantas lembranças naquela casa. Algumas boas, outras dolorosas, mas todas minhas. — Catrina? Virei ao ouvir meu nome. Era Eason, o homem que tinha me alugado a casa de madeira no vale. Ele estava lá de jeans e moletom, mãos nos bolsos, parecendo surpreso em me ver. — Ah, oi. — Falei. — Não esperava te encontrar por aqui. — Eu moro na esquina. — Respondeu, se aproximando com um sorriso caloroso. — Aquela casa que aluguei pra você? É só uma das minhas propriedades. — Uau. Ent
Desde que Dora começou a viver com Maria, ficou estranhamente grudada em Luca. Meu contato na mansão Moretti me contou o que aconteceu no dia anterior ao aniversário de casamento. Luca finalmente voltou para a villa depois de dias "fazendo negócios". A essa altura, Maria já tinha aparecido com Dora, fingindo ajudar a decorar para a festa. No momento em que Dora viu Luca, ela correu até ele, sem nem olhar para trás, para Maria. Isso pegou Luca de surpresa. Ultimamente, Dora mal olhava nos olhos dele. Sempre grudada em Maria, sempre o observando como se fosse um estranho, ou pior… alguém de quem tivesse medo. Ele nunca a forçava a se aproximar, a culpa já pesava o suficiente nele. Depois de tudo o que tinha feito, a última coisa que queria era assustar a própria filha. Mas naquele dia, quando ela correu para seus braços, ele sentiu esperança. Abraçou-a forte, e então algo no bolso dela chamou sua atenção. — Dora, o que é isso? — Perguntou, puxando delicadamente um pequeno q
Os Moretti não apenas mandam na cidade. Em algumas partes deste país, eles são a lei. Então, se eu quisesse mesmo uma chance de liberdade, teria que desaparecer em algum lugar onde eles jamais pensariam em procurar. Arrumei algumas malas e fui para o velho vale, perto de onde meus pais costumavam morar – Deus os tenha. Aquele lugar era tão remoto que nem aparecia direito no GPS. E eu sabia, lá no fundo, que nenhum dos Moretti sequer pensaria em procurar ali. Por que fariam isso? Eles nunca se importaram com o lugar de onde eu vim. Para eles, eu não passava de uma garota quieta, limpa, sem ficha criminal, exatamente o tipo de esposa ou nora obediente que eles precisavam para manter as aparências. Ainda me lembro da noite anterior ao meu casamento com Luca, como se fosse ontem. Eu estava muito nervosa e acabei faltando ao jantar chique da família, marcado para as sete. Erro grave. Eles nem mandaram o Luca. Não. Mandaram a Maria. Ela entrou no meu quarto sem bater, os saltos
Eu realmente achei que conseguiria me afastar dele. Mas eu subestimei o quão forte era o nome Moretti.Toda vez que eu tentava encontrar um advogado para me ajudar a pedir o divórcio, eles se calavam no segundo em que eu mencionava o nome de Luca. Alguns ficavam nervosos. Outros simplesmente diziam que "não estavam aceitando novos clientes."Mas nós dois sabíamos o que era. Ninguém queria ir contra os Moretti. E justamente quando eu estava ficando sem ideias, Luca me ligou. — Amanhã é o aniversário da Dora. — Disse, como se falasse sobre o tempo. — Ela quer ver a mãe. Meu peito apertou. — Dora quer me ver? — Tentei soar calma, mas minha voz falhou. — Você tá falando sério? — Você acha que eu mentiria sobre isso? — E então ouvi a voz de Dora ao fundo. — Eu quero ver minha mãe. Aquela vozinha me atingiu como um soco no estômago. Pisquei rápido, tentando não chorar. Sorri pela primeira vez em semanas. — Vou te ver amanhã, meu amor. — Respondi rápido, antes que ela mudasse d
Depois de enviar a mensagem, encontrei uma pequena casa de penhores fora da cidade, entrei sem dizer uma palavra e vendi o anel. Ainda recebi uma boa quantia por ele, mas não senti a alegria que costumava sentir quando o dinheiro caía na conta. Isso não era uma guerra. Era a minha vida. E, nessa vida, não havia vencedores. Em seguida, reservei um pequeno hotel bem no caminho para a propriedade dos Moretti. Eu não tinha um plano real... apenas uma esperança. Talvez eu ainda tivesse uma última chance de ver Dora. Talvez eu conseguisse interceptá-los, falar com ela sem a Maria por perto, só uma vez. Naquela noite, não consegui dormir. Fiquei sentada na janela, observando os SUVs passando pela estrada. Cada vez que um passava, eu me perguntava: eram eles? Já tinham chegado lá? Estariam se perguntando onde eu estava? Provavelmente não. Nem lembro quantas horas fiquei assim. Em algum momento, meu corpo desistiu, e adormeci ali mesmo, ainda sentada na janela, de olhos meio
Último capítulo