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Não sou mulher de ninguém

04

Levantei os olhos devagar e respondi, mordendo um sorriso de canto:

— Hum... sim. Não gosto de quem me desafia.

— Ah — ele resmungou, levando um pedaço de carne à boca. — Então, aceitou só pra provar um ponto?

— Não. Aceitei porque sinto que, se eu não for, vou me arrepender. E porque, no fundo, ele não é o único a gostar de jogos perigosos.

Mamãe lançou um olhar curioso, mas preferiu não perguntar. Ela sempre soube quando deixar que eu resolvesse minhas próprias guerras.

O jantar seguiu calmo, mas minha cabeça não. O que Elói queria de verdade comigo? Por que tanta pressa? E por que, mesmo com todas as razões para recuar, havia algo em mim que queria correr na direção dele?

Depois, no meu quarto, arrumei uma pequena mala com roupas básicas. Não era a viagem ainda — mas eu sabia que, ao aceitar encontrar Elói no dia seguinte, já tinha embarcado numa jornada sem volta

Antes de deitar, meu celular vibrou. Era outra mensagem dele:

"Se prepare. Eu não costumo ser fácil de lidar. Mas você também não parece ser fácil de derrubar."

Respondi apenas:

"Ainda bem. Eu me entedio com gente previsível.Apaguei a luz, com um sorriso teimoso nos lábios.

E dormi, pela primeira vez em muito tempo, com a sensação de que algo grande — e perigosamente fascinante — estava prestes a começar.

                                                      《♤♡◇♧》

No dia seguinte, levantei com o cabelo desgrenhado, o rosto marcado pelo travesseiro e um turbilhão de pensamentos na cabeça. Fui direto para o banheiro. A água quente caía sobre meu corpo, mas não era suficiente para acalmar o que borbulhava dentro de mim.

Me olhei no espelho enquanto enrolava a toalha no corpo. A imagem refletida era a minha — mas ao mesmo tempo, não era. Havia algo diferente nos meus olhos, um brilho novo, quase desafiador. Como se a mulher que me encarava soubesse de algo que eu ainda estava tentando entender.

Naquela entrevista, Elói não só me ofereceu um emprego. Ele despertou algo adormecido. Uma parte de mim que eu mesma havia esquecido. E isso me apavorava... e excitava ao mesmo tempo.

Abri o armário e vesti a roupa que havia separado na noite anterior: calça de alfaiataria preta, blusa branca com leve transparência e um blazer justo. Um salto alto preto completava o visual. Eu estava pronta para enfrentá-lo — ou pelo menos fingir que estava.

Cheguei ao prédio pouco antes das nove. A recepcionista já me esperava com um sorriso e disse:

— O senhor Elói a aguarda na cobertura. Pode subir.

Na cobertura.Claro que seria na cobertura.O elevador parecia lento demais. Meu coração batia no ritmo da expectativa, da dúvida, da tensão.

As portas se abriram com um ding suave, revelando um andar silencioso, elegante, revestido de madeira escura e vidro. Caminhei pelo corredor até a porta dupla entreaberta. Bati levemente.

— Entre — a voz inconfundível dele ecoou lá de dentro.

Entrei. Elói estava de pé, junto à janela, de costas para mim. Usava uma camisa azul-marinho, com as mangas dobradas até os cotovelos. O sol batia sobre ele, como se até a luz soubesse onde deveria estar.

Ele se virou devagar, um sorriso discreto surgindo no canto dos lábios ao me ver.

— Vejo que levou a sério o salto alto.

— Disse que não era fácil de lidar. Achei justo vir armada.

Ele riu. Um som grave, controlado, como tudo nele

— Gosto disso.

— Do quê? — perguntei, caminhando até ele.

— De mulheres que sabem a força que têm... mas ainda assim, não têm medo de arriscar.

Por um instante, ficamos apenas nos olhando. O silêncio entre nós não era incômodo. Era tenso. Quente

Então, ele apontou para a pasta sobre a mesa:

— Precisamos revisar alguns pontos do contrato. Mas antes disso... — Ele se aproximou mais. — Me diga, você está aqui por causa do projeto... ou por mim? Engoli em seco.

A resposta estava presa entre o que eu queria dizer e o que eu deveria dizer.E talvez... as duas fossem a mesma. Fiquei imóvel por um segundo. O ar parecia mais denso dentro daquela sala. Os olhos dele estavam cravados em mim, como se pudessem ver através da minha armadura cuidadosamente construída.

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