11
Ficamos em silêncio por um tempo. O vento soprava leve, balançando as folhas ao nosso redor, e eu podia sentir a dor dele pairando entre nós como uma sombra que ainda não havia se dissipado. Mas não era uma sombra que assustava… era humana. Real.
Elói apertou meus dedos com delicadeza, como se aquele simples toque fosse um pedido de permissão para continuar.
— Marina era meu oposto — ele começou, a voz rouca. — Sonhadora, intensa… fazia questão de viver cada dia como se fosse o último. E talvez por isso tenha partido tão cedo.
Ele desviou o olhar para o lago, como se ainda visse algo — ou alguém — ali.
— Ela morreu num acidente de carro. Chovia muito. Eu deveria estar com ela naquela noite, mas cancelei de última hora por causa de uma reunião. — Fechou os olhos por um instante. — Passei anos tentando me perdoar por isso.
Senti um aperto no peito. A vulnerabilidade dele me tocava de um jeito que poucas verdades tocam: aquela que vem de uma dor transformada em cicatriz.