Não sou mulher de ninguém Às 19h, eu ainda encarava o espelho, dividida entre dois vestidos. O preto, clássico e direto. O vinho, firme e elegante. Escolhi o vinho — ele dizia o que Elói queria: “Eu comando minha própria história.” Cabelo preso em um coque moderno, batom escuro, delineado preciso, salto alto. Tudo dizia: não sou acessório, sou presença. Às 19h30, a buzina soou. Desci com o coração em brasa. Papai apareceu no corredor. Não disse nada. Apenas sorriu de lado. Lá fora, o carro preto me esperava. O vidro baixou devagar, revelando Elói — blazer escuro, olhar hipnótico. — Está absolutamente no controle — disse ele. — Sempre estive — respondi. O trajeto foi silencioso, mas cheio de significado. Uma música instrumental preenchia o ar, e de tempos em tempos, ele me olhava com atenção. Elói era do tipo que lia pessoas. Eu, do tipo que se deixava decifrar apenas quando queria. — Jantar em um rooftop privado. Vista da cidade. Boa comida. Uma ou duas propostas indecen
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