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Capítulo 3: Tentando o Divórcio (e falhando)

— “Eu só quero me divorciar. Não é pedir demais. Pessoas fazem isso todos os dias. É quase um hobby nos Estados Unidos.”

Beatriz falava com os braços cruzados e a paciência evaporando em tempo real. Ela estava na recepção de um escritório jurídico em Vegas, cercada por diplomas cafonas, carpetes bege e uma máquina de café que cuspia água morna com cheiro de arrependimento.

Do outro lado da sala… Caio.

Sentado com o ar de quem não está com pressa.

Terno bem cortado, óculos de leitura (que ela suspeitava serem só decorativos) e uma cara de “já ganhei esse caso antes mesmo de você tentar”.

— “Beatriz, o que você precisa entender é: anular um casamento exige tempo. Papelada. E, nesse caso… análise contratual.”

— “Contratual?” — ela quase berrou — “Eu te conheci pelado, Caio. Que contrato é esse que a gente assinou sem nem saber o nome completo um do outro?”

Ele abriu a maleta com uma calma irritante.

Tirou um envelope. Colocou sobre a mesa entre eles.

— “Este aqui. Reality show, lembra?”

Ela engoliu seco.

Sim, tinha um contrato. Um maldito contrato assinado no calor do álcool, que dizia que ambos topariam viver 30 dias juntos como um casal legalmente casado, com cláusulas que envolviam:

• Convívio no mesmo endereço.

• Participação em desafios semanais.

• Nenhuma tentativa de anulação até o fim da experiência.

• E, o pior: nenhuma relação sexual podia ser revelada publicamente antes do último episódio.

— “Você tá me dizendo… que a gente não pode se divorciar porque estamos… presos num reality show que nem sabíamos que existia?”

— “Vegas, baby.” — ele deu de ombros com um sorriso torto.

13h43 – Escritório do Cartório de Las Vegas

A atendente parecia saído de um filme da N*****x ruim — chiclete na boca, unhas neon e um crachá escrito “Charlene”.

— “Deixa eu ver se entendi… vocês casaram bêbados, querem anular, mas assinaram contrato com uma produtora que comprou os direitos dessa história?”

Beatriz confirmou com a cabeça, apertando as têmporas.

Caio sorriu simpático.

— “Exatamente. E tem uma cláusula que impede qualquer movimentação legal durante o tempo de filmagem.”

Charlene assobiou.

— “Caraca. Isso é melhor que os episódios do meu podcast.”

Beatriz bufou:

— “A gente não tá aqui pra entreter…”

Charlene interrompeu:

— “Então por que estão vestidos assim? Cês parecem casal de comercial de perfume picante.”

Beatriz olhou para o próprio blazer estruturado.

Olhou para o Caio, que agora estava com a gravata desfeita e a camisa meio aberta — porque claro que estava.

Ela virou pra ele:

— “Você faz isso de propósito. Esse look ‘advogado com passado sujo’ é o seu uniforme de manipulação.”

— “Você me acha sujo?” — ele ergueu uma sobrancelha.

— “Eu te acho um erro de cálculo esteticamente tentador.”

Charlene, do balcão:

— “Alguém me passa o nome desse reality? Vou seguir no I***a.”

16h00 – Saída do cartório

Nada resolvido. Papelada retida. Contrato mantido.

Eles andavam lado a lado pela calçada quente de Vegas.

Beatriz ainda rangendo os dentes.

— “Não acredito que estamos presos por trinta dias.”

— “Podia ser pior.”

— “Como?”

Ele parou.

— “Podia não ter sido tão bom na noite passada.”

Ela travou no passo.

Ele sorriu. Se aproximou. Encostou de leve o rosto no dela e sussurrou:

— “Você se mexe muito quando dorme. Fica… linda. Indefesa. Quase doce.”

Beatriz ficou vermelha.

— “Você precisa parar de falar assim comigo.”

— “Ou o quê?”

Ela não respondeu.

Mas o silêncio foi mais alto que qualquer resposta.

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