O relógio no salão principal da mansão batia com uma solenidade funérea, cada badalada ecoando como um martelo no peito de Ian.
Três e quarenta e cinco da tarde.
O ar, carregado do perfume opressivo de lírios e gardênias, parecia espesso o suficiente para ser cortado com a faca cerimonial que repousava sobre a mesa do bolo, um artefato simbólico de uma união que se sentia mais como um sacrifício.
Lá fora, sob o dossel de seda branca que tremulava suavemente na brisa vespertina, a agitação dos preparativos finais era um espetáculo de eficiência silenciosa. Os últimos botões de rosa eram ajustados, os cristais pendurados nas árvores sussurravam uns contra os outros, e o quarteto de cordas afinava seus instrumentos, as notas dispersas soando como perguntas sem resposta no ar estático.
Os convidados, um mar de chapéus elaborados e ternos caros, murmuravam entre si, suas vozes um zumbido de expectativa e curiosidade. Todos sentiam a ausência no centro daquele palco perfeito.
Ian estava par