O quarto cheirava a remédio e lençóis lavados. A luz que entrava pela fresta das cortinas desenhava faixas de claridade sobre o rosto de Nicolau, destacando rugas, veias, o esforço de cada respiração. Ele estava menor ali do que em qualquer memória que Olívia tivesse, não o patriarca imponente, mas um corpo cansado que lhe exigia coragem só de encarar.
Quando ela se aproximou, a cama rangeu baixinho. Nicolau abriu os olhos com um lampejo de vigilância antiga e, com um esforço que a fez prender a respiração, ergueu a mão, aquela mão que tantas vezes ordenara prisões e casamentos, e pousou-a no pulso dela. O toque foi surpreendentemente firme.
— Olhe para mim e diga… — murmurou, como se cada palavra custasse sangue. — Ian sabe que esse menino é filho dele?
As palavras caíram no quarto como uma pedra num poço. O eco se espalhou em Olívia, fazendo tudo vibrar: o monitor cardíaco, o ar, o próprio corpo. Seus dedos tremeram sob a palma seca do velho.
— Por favor, Nicolau… — saiu de dentro d