Angelina Da Costa
A folga que o Saulo me deu serviu para correr contra o tempo. Eu ainda esperava que a Francesca enviasse algo sobre o senhor Valter, mas nada. E o testemunho dele era a última peça que faltava para anexar ao caso. Pensei em pedir o segundo processo para ir adiantando, mas fui interrompida pela Ana Júlia, parada na porta do quarto, me chamando para almoçar.
- Que conversa foi aquela, mãe? Sobre a senhora e o Saulo? Ele tem idade pra ser seu filho!
Parei de minimizar as páginas e a encarei, curiosa.
- O quê?
Perguntei, desconfiada, mas Julia balançou a cabeça com um sorrisinho debochado.
- Nada. Sabia que era brincadeira. A senhora já terminou isso aí? Mãe, a senhora não pode se matar por causa de cada caso. Nem é advogada pra ficar assim...
Suspirei, cansada, e levantei da cadeira.
- E se fosse? Já pensou, Júlia? Se eu tentasse um vestibular, se eu fizesse uma faculdade?
Ela parou no corredor e virou pra me olhar como se eu tivesse acabado de falar em outro idioma. Zo