Saulo Prado:
Deveria ser evidente que eu não estava e nunca estaria preocupado com o que os Prados pensam ou esperam de mim. Não que eu não soubesse o peso do sobrenome, mas eu aprendi cedo que expectativa demais só serve pra criar coleira.
O carro estava lá, reluzente, pintura impecável, motor que só de ouvir já dava pra sentir o custo da manutenção. Era bonito, não vou negar. Bancana. Motor potente. E como Fernando mesmo disse, eu iria gostar. Gostei.
- É legal - falei, depois que ele ficou me olhando, esperando minha reação como quem espera aplauso.
- Todo seu! - disse com aquele orgulho inabalável de quem acha que está comprando o respeito do filho.
Suspirei fundo, não por ingratidão, mas porque eu já conhecia o jogo.
- Legal... mas eu já tenho carro. Além disso, essa belezinha deve beber pra cacete. - Bati no capô como quem assina a sentença.
Meu pai riu, negando com a cabeça.
- Nada, dá pra você usar a cada seis meses... se continuar à frente da Prado Advocacia, criando nome,