Saulo Prado
Angelina chegou à porta da sala após falar com Débora. Mesmo à distância, pude ouvir alguns trechos do que ela dizia ao telefone. Estava desesperada, mencionava que ia ligar para o juiz Jorge Lima. Eu adoraria saber o teor da conversa, mas isso seria impossível.
– Já sei. – Falei, vendo-a parada na porta. O bombom de chocolate que eu havia trazido ainda estava ali, onde o deixei, até mesmo para o oficial do cartório. Ela parecia risonha, alegre, e isso, de alguma forma, me frustrava.
Continuei a trabalhar, vendo-a parada me observando. Tinha perguntas em seu olhar, que eu não responderia. Sim, eu havia denunciado tanto aquele juiz quanto os demais.
Talvez não houvesse uma maneira de consertar as injustiças do mundo inteiro, como ela falou, mas as que eu pudesse, e como fosse possível, sim. Desde cedo, quando recebi um e-mail, eu já esperava aquela ligação. Talvez fosse pela frustração, mas, quando ela voltou à sua mesa, pegou o bombom, abriu-o e o comeu, sentada, visivelme