Saulo Prado
- Culpada, eu? - Angelina apontou para si mesma e soltou uma risada baixa, rouca, daquelas que pareciam acariciar o ambiente.
Aquele escritório meticulosamente quadriculado se encheu com o som da sua voz, e eu só conseguia observá-la, deitada sobre a mesa, despenteada, com as marcas dos meus dedos ainda na pele.
Em cada gesto, cada sorriso, eu tinha certeza.
Estou totalmente e literalmente fodido.
Por mais que eu amasse minha liberdade.
Por mais que minha mãe fosse meu mundo.
Eu não queria estar em nenhum outro lugar.
Todos os meus desejos, vontades, ânsias...
Tinham um nome, um corpo, uma boca que me fazia perder o juízo.
Angelina.
- Sim. Totalmente culpada. - soltei, com a voz rouca, os olhos cravados nela. - Você está me sugando por inteiro.
Ela riu de novo enquanto se sentava sobre a mesa, ajeitando o sutiã preto e puxando a blusa.
Cada movimento dela era um convite, uma lembrança, um castigo.
Eu não lembrava de ter me apaixonado assim antes.
Não com essa for