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Capítulo 3 - Anna Oliveira

No outro dia, acordei antes do despertador naquela manhã. Passei longos minutos deitada, encarando o teto, pensando em tudo o que havia acontecido no dia anterior. Gabriel Rodrigues. Só de lembrar do jeito como ele me olhava, meu coração batia mais rápido.
“Ele é só o meu chefe. Preciso parar com isso.”

Mas algo dentro de mim insistia em repetir cada detalhe do sorriso contido dele, da voz grave, da maneira como seus olhos castanhos pareciam me atravessar, como se pudessem ver além de mim.

Determinada a impressionar no segundo dia de trabalho, eu vesti uma camisa social clara, uma saia lápis preta e prendi o cabelo em um coque despretensioso. Passei um batom suave e um perfume doce, lembrando-se do conselho da minha amiga: "A primeira semana é a mais importante, você precisa parecer confiante, mesmo que não esteja."

Quando cheguei à Rodrigues Corporation, o andar já estava em movimento. Pessoas com pastas e copos de café corriam pelos corredores, telefones tocavam sem parar, e Marina, sempre impecável, me esperava com uma expressão séria.

— Bom dia, Anna. — Ela me cumprimentou rapidamente. — Gabriel vai receber um investidor importante hoje, e precisamos organizar uma série de documentos.

Eu assenti quase que automaticamente e respondi.

— Pode deixar, vou revisar tudo.

Passei boa parte da manhã mergulhada nas planilhas, contratos e relatórios, tentando deixar o trabalho mais que perfeito. Senti que o tempo voava, e até esqueci de tomar café, pois fiquei presa nos documentos. No entanto, cada vez que Gabriel saía do escritório e atravessava o corredor, o ambiente parecia mudar. Ele não precisava levantar a voz ou dar ordens diretas; sua presença era tão marcante que fazia todos ao redor se endireitarem instantaneamente.

Eu notava cada detalhe dele, mesmo que não quisesse admitir: o modo como ele franzia o cenho quando lia algo importante, como segurava a caneta entre os dedos, e o jeito elegante e natural de falar com as pessoas.

Por volta do meio-dia, Marina pediu que eu organizasse e levasse alguns documentos até Gabriel.

— Ele está no escritório e quer isso o quanto antes. — Marina entregou uma pasta grossa, lançando-me um olhar curioso.

Engoli seco, organizei tudo e depois de pronto, me levantei e caminhei até a porta de vidro. Bati suavemente.

— Entre. — A voz dele, firme e baixa, me fez arrepiar.

Gabriel estava em pé, próximo à janela, observando a cidade com as mãos nos bolsos. A luz do sol entrava e desenhava contornos no rosto dele, destacando os traços fortes.

— Os relatórios que pediu, senhor… — Eu hesitei, lembrando-me da correção do dia anterior. — Gabriel.

Ele se virou, e aquele sorriso sutil apareceu nos lábios dele.

— Assim está melhor.

Me aproximei, entregando os documentos. Ele pegou a pasta, mas demorou um segundo a mais do que o necessário para soltar minha mão. O toque, mesmo rápido, fez meu coração disparar.

— Está se adaptando bem? — Ele perguntou, abrindo a pasta.

— Estou, sim. — Respondi, tentando manter a voz firme. — É tudo muito novo, mas estou aprendendo.

— Bom. — Gabriel levantou o olhar para mim. — Gosto de pessoas que aprendem rápido.

O silêncio que se seguiu foi estranho e intenso. Eu queria desviar o olhar, mas não conseguia. Era como se algo invisível me prendesse ali, naqueles olhos.

Quando sai do escritório, percebi que já passava do horário de almoço. Fui até a pequena copa da empresa e pegou um sanduíche na máquina automática, precisava comer rápido. Sentei-me sozinha, e minha mente não parava de girar.

“Por que ele me olha daquele jeito? É só coisa da minha cabeça?”

Enquanto pensava nisso, Marina apareceu com um sorriso irônico.

— Então, o que acha do senhor Rodrigues?

Eu quase engasguei com o sanduíche e com a pergunta repentina.

— Ele… é profissional.

Profissional, claro. — Marina riu. — Ele é um dos homens mais cobiçados da cidade, sabe? Tem fila de gente querendo uma chance com ele.

— Não é da minha conta. — Respondi rápido, tentando disfarçar o incômodo que sentia ao ouvir aquilo.

— Bom, só um aviso: não se envolva demais. Gabriel é… complicado. — Marina deu de ombros e saiu, me deixando com mais perguntas do que respostas, será que ela está achando que estou interessada?!

A tarde passou em um turbilhão de tarefas. Gabriel me chamou algumas vezes para revisar documentos, e cada encontro com ele parecia um teste para sua autoconfiança.

Em uma dessas ocasiões, ele se inclinou sobre a mesa para mostrar uma anotação, e eu pude sentir o calor do corpo dele tão próximo que meu rosto ficou totalmente corado. Ele percebeu e, por um segundo, um sorriso leve surgiu nos seus lábios, como se ele entendesse exatamente o efeito que causava, ele sabia o que causava.

— Você está nervosa. — Ele disse, quase como uma constatação.

— Eu só… quero fazer um bom trabalho.

— Está fazendo. — Ele falou, olhando diretamente em meus olhos, era muito intenso. — Continue assim.

Quando o expediente terminou, eu sai do prédio sentindo minhas pernas trêmulas. Não era apenas cansaço, mas uma mistura estranha de ansiedade e algo que eu não queria nomear.

Gabriel, por sua vez, permaneceu no escritório até tarde. Sozinho, sentado na poltrona de couro, ele olhava para a cidade iluminada enquanto os pensamentos giravam em sua mente.
Anna.
Ela era diferente. Não parecia encantada pelo poder ou pelo dinheiro. E isso o intrigava.

Mas Gabriel sabia que não podia se aproximar dela. Ele tinha uma vida cuidadosamente planejada, obrigações que não podia ignorar.
Ainda assim, pela primeira vez em anos, ele se pegou pensando: “E se eu quisesse algo só para mim?”

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