Anna esteve na minha mente o dia inteiro.
Desde que ela entrou na minha sala esta manhã, com aquele olhar curioso e determinado, percebo que estou lutando uma batalha perdida. Tento me manter profissional, mas cada detalhe dela me desconcentra — o jeito como prende o cabelo, o toque delicado dos dedos ao folhear papéis, a forma como o perfume dela permanece no ambiente mesmo depois que sai.
O comentário de Helena ainda ecoa em mim:
"Você fala dela o tempo todo."
Talvez eu realmente fale. Talvez eu pense mais nela do que deveria.
Por volta das seis da tarde, vejo Anna guardando os papéis da mesa dela. A maioria dos funcionários já foi embora, e um impulso me domina.
Antes que eu possa racionalizar, chamo:
— Anna.
Ela para, se vira e me encara com aqueles olhos castanhos que sempre me desarmam.
— Sim, senhor?
— Está com planos para hoje à noite?
Ela franze o cenho, surpresa com a pergunta.
— Não exatamente… por quê?
— Quero conversar sobre a fusão com a startup de IA. — Minto pel