Alguma coisa está diferente.
Desde que cheguei à Rodrigues Corporation hoje de manhã, percebo que Gabriel está estranho.
Não é só o silêncio habitual dele — é algo mais denso, quase sufocante.
— Bom dia, Anna. — Ele disse quando chegou, mas sem o olhar firme e profundo de sempre. Parecia distraído, como se estivesse carregando o peso de um problema que não sei qual é.
Eu queria perguntar, mas não posso. Não é meu lugar. Pelo menos é isso que eu repito a mim mesma enquanto organizo os contratos da semana.
A manhã passa em meio a reuniões rápidas e e-mails intermináveis. Gabriel está presente, mas distante.
Em alguns momentos, percebo que ele me observa quando acha que não estou olhando. E, quando nossos olhos se encontram, ele desvia como se estivesse lutando contra algo invisível.
Marina aparece na minha mesa na hora do café.
— O que aconteceu com o chefe hoje? — Ela pergunta, sussurrando. — Está com aquela cara de “vou devorar o mundo”.
— Não sei. — Respondo, mordendo o lábio. —