Margarida
Anna me olhava como se estivesse vendo um bicho de sete cabeças.
— Você o quê? — perguntou, pela terceira vez, quase sussurrando.
— Anna... — ri, nervosa. — Eu estou grávida. É isso. Aconteceu.
— Minha nossa, Margarida... Oh, meu Deus!
Ela correu até mim e me envolveu num abraço apertado. Anna sabia. Sabia de tudo. Sabia o quanto eu chorei meses atrás, o quanto sangrei — por dentro e por fora — quando perdi meu bebê. E agora, a vida estava me presenteando de novo.
— Eu estou tão feliz por você. — disse ela, chorando. — Meu Deus... se tem alguém nesse mundo que merece uma vida boa, cheia de amor, esse alguém é você.
— Obrigada, minha amiga. — sussurrei, com a voz embargada, retribuindo seu abraço com força. — Obrigada por tudo.
Ela se afastou só o suficiente para enxugar as lágrimas, depois foi até a cozinha e preparou um café como só ela sabia fazer. Nos sentamos juntas, lado a lado no sofá da sala, como em tantas outras vezes.
Contei sobre minha relação