Margarida
Com o passar do tempo, algumas dores se tornam menos agudas. Hoje, não sei bem por quê, mas acordei com uma necessidade quase urgente de visitar meus pais.
Estava sozinha, caminhando entre lápides, nomes, retratos… pessoas que, em algum momento, foram tudo para alguém, um irmão, um pai, uma mãe, um grande amor que já não está mais neste mundo.
Quando cheguei à lápide dos meus pais, encarei seus retratos. Minha mãe, sempre sorridente. Escolhi aquela foto porque ela transmite exatamente quem ela era.
Sentei-me no gramado, suspirei e olhei para o céu. O sol não estava forte, mas o dia parecia bem iluminado. O silêncio do cemitério era sufocante.
— Desculpem demorar tanto pra vir, mãe, pai. Passei por tanta coisa nos últimos meses — comecei, com a voz baixa. — Bom… pra começar, estou casada. Dessa vez, com alguém que eu acho que vocês aprovariam — sorri. — E também… eu… acho que realizei meu sonho, mãe. A Emma… ela é filha do meu marido, mas também é minha, sabe? Um di