Margarida
Os dias foram passando, e algo entre Ronaldo e eu começou a mudar. Não sabíamos dizer o que era, nem dar nome à transformação silenciosa que nos envolvia. Mas sentíamos. E era bom.
Era como se, enfim, nossa família estivesse no lugar certo.
Eu. Ronaldo. E Emma.
Como se aquilo tudo... sempre tivesse sido destino.
— Margarida, você quer ver o que eu desenhei?
A vozinha de Emma me arrancou do devaneio. Estávamos à mesa, tomando café da manhã em um raro silêncio. Todos se viraram para ela quando falou. Ronaldo. Meus sogros. E eu, surpresa com o chamado.
— Claro, querida, mostre pra mim — respondi com um sorriso.
Emma adorava desenhar. Aquilo sempre a empolgava. E vê-la animada me contagiava também — era como um raiozinho de sol entrando pela janela da alma.
— Essa sou eu — disse, apontando com o dedinho. — Esse é o papai. E essa aqui do lado dele é você...
— E esse aqui? — perguntei, inclinando a cabeça curiosa para uma figura pequenininha, mal definida.
Em