Margarida
Não posso dizer que a presença dos pais de Ronaldo me incomodou. Pelo contrário, senti-me acolhida. A mãe dele tem a mesma gentileza cativante que vejo em Emma, mas com um toque curioso — ela age como se já me conhecesse de outras vidas. Seus olhos me observam com um calor que ultrapassa a mera cordialidade. É como se ela enxergasse em mim algo que nem eu mesma consigo ver.
Emma… ah, essa pequena dama! Ela tem o dom de transformar qualquer manhã cinzenta em primavera. Seu jeito doce, suas risadas espontâneas, o modo como segura minha mão como se fosse a coisa mais natural do mundo… ela está me conquistando mais do que jamais imaginei possível.
Hoje, bem cedo, Ronaldo recebeu uma ligação urgente. Antes mesmo do café da manhã, ele se aproximou com um ar de pressa.
— Preciso sair agora — disse, com aquele olhar que tenta disfarçar a culpa por nos deixar tão de repente.
Notei os olhos atentos dos pais dele, perscrutando cada detalhe, cada gesto. Entendi o que esperavam.