Eu o empurrei levemente para fora da porta.
— Vá logo, Violeta está te esperando.
Assim que terminei de falar, fechei a porta, bloqueando o olhar atento de Pedro sobre mim.
Mal a porta se fechou, o sorriso suave no meu rosto desapareceu instantaneamente, restando apenas frieza.
Faltavam sete dias, Pedro. Eu não ia mais esperar por você.
Como eu previra, Pedro não voltou para casa naquela noite.
Ainda estava deitada, perdida em pensamentos, quando alguém abriu a porta do meu quarto.
Não era Pedro quem entrou, mas sim a governanta da Família Lacerda.
— A senhora pediu para que você leve o Bryan até a Mansão Lacerda hoje.
A matriarca da Família Lacerda, mãe de Pedro, Dona Laura Leme, nunca gostou de mim, por isso nem mesmo os empregados me tratavam com boa vontade.
Quando cheguei à mansão, percebi que estavam todos da Família Lacerda reunidos.
Pedro, que desaparecera a noite inteira, estava ao lado de Violeta, com uma mão repousando sobre a barriga dela, o olhar transbordando carinho e orgulho.
Laura, radiante, olhava para a barriga de Violeta, ignorando a mim e ao próprio filho, antes de anunciar:
— Violeta está grávida. Conforme combinamos, Pedro será nosso Capodeicapi da Família Lacerda.
— O filho dele com Violeta será o próximo Capodeicapi das famílias Lacerda e Moraes. Em breve, celebraremos o casamento de Pedro e Violeta.
O atual representante da Família Lacerda avançou e entregou a Pedro um anel de rubi, símbolo do título de Capodeicapi da família.
Sob aplausos e comemorações, Pedro segurou a mão de Violeta com a mão que ostentava o anel e a ergueu.
Levantei a cabeça e, junto com todos, olhei para Violeta. Pareciam ter esquecido que eu era a noiva de Pedro.
Pedro então acariciou suavemente a barriga de Violeta e disse:
— Finalmente vou ser pai.
A alegria nos olhos de Pedro era verdadeira, nem mesmo quando nosso filho nasceu, ele demonstrou aquela expressão.
De repente, fechei as mãos com força, mas ouvi o leve protesto do meu filho:
— Mãe, eu também sou filho do papai…
As palavras do meu filho atraíram olhares de todos.
Dona Laura franziu o cenho para nós:
— Pedro agora é Capodeicapi da Costa Oeste Máfia. Se descobrirem que ele tem um filho fora do casamento, isso manchará a reputação da Família Lacerda. Daqui em diante, diremos que Bryan é filho de uma das empregadas da casa, e que nós o acolhemos.
— Bryan, não poderá mais chamar Pedro de pai, nem a mim de vovó. Não me culpe, culpe o fato de ser filho daquela mulherzinha da Família Gomes.
Dona Laura não gostava de mim, e, por consequência, também não gostava de Bryan, nosso filho.
Foi ideia dela pedir que Pedro cuidasse de Violeta em troca do título de Capodeicapi.
Agora que Violeta estava grávida, nossa posição se tornava ainda mais inferior.
Pedro, um pouco aflito, disse:
— Mãe, isso não parece certo…
Ele tentou se aproximar, mas Violeta segurou sua mão, e, temendo machucá-la, ele não se desvencilhou.
Percebi tudo claramente. Com um sorriso frio, levei Bryan até Dona Laura e falei:
— Tudo bem. De hoje em diante, Bryan não terá nenhuma relação com a Família Lacerda.
Em seguida, agachei-me diante de Bryan, enxugando suavemente as lágrimas do seu rosto, e disse:
— Meu amor, não pode mais chamar Pedro de papai, agora, deve chamá-lo de Capodeicapi, entendeu?
Pedro se surpreendeu. Ele sabia o quanto eu queria voltar para casa, e que um dos motivos para eu permanecer era Bryan. Eu esperava que Pedro desse um nome ao nosso filho.
Agora, eu mesma havia desistido disso. Ele tentou encontrar em meu olhar algum traço de tristeza ou apego.
Mas não encontrou.
Nem sequer derramei uma lágrima. Bryan, porém, ainda era pequeno e não compreendia por que, de repente, não tinha mais pai. Chorava tanto que mal conseguia respirar, o que partiu meu coração.
Apressei-me em sair com Bryan, procurando um lugar sem ninguém para consolar meu filho, mas fui interrompida por Violeta:
— Yolanda, ouvi dizer que colares com pedras de safira azul fazem bem ao bebê durante a gravidez. Esse colar que você está usando foi comprado pelo Pedro, mas agora eu sou a esposa da Família Lacerda.
Enquanto falava, ela acariciou a própria barriga, com um sorriso vitorioso nos lábios.
Não olhei para ela, mantive meus olhos fixos em Pedro.
Aquele colar de safira azul era uma lembrança do meu noivado com Pedro. Ele o arrematou por uma fortuna num leilão para me pedir em casamento, dizendo que a cor das pedras era tão bela quanto meus olhos.
Aceitei seu pedido, e Pedro colocou o colar no meu pescoço, abraçando-me e dizendo:
— Vamos ficar juntos para sempre.
Eu sabia que Violeta gostava desse colar. Pediu a Pedro várias vezes, mas ele nunca lhe deu.
Dessa vez, Pedro desviou o olhar, hesitando, visivelmente constrangido.
— Yolanda… é só um colar…
— Tudo bem.
Sem querer ouvir mais desculpas, arranquei o colar com um sorriso frio e o joguei de volta para Pedro.
Assisti enquanto ele colocava o colar em Violeta, que ostentava uma expressão de triunfo. Sorri e desejei:
— Felicidades no casamento de vocês.