Capítulo 3
Ao sair do salão de festas, levei Bryan pela rua comercial e comprei um sorvete para ele.

Bryan, enquanto saboreava o sorvete, já havia parado de chorar. Acariciei seus cabelos, ele tinha os mesmos fios castanhos de Pedro.

— Querido, a mamãe vai te levar para fora do país, tudo bem?

Bryan levantou os olhos para mim, e respondeu baixinho:

— E o pai?

Ainda era uma criança, esquecera tão rápido. Limpei suavemente o creme do canto de sua boca e disse:

— Seu pai vai ficar aqui, ocupando o lugar dele como Capodeicapi. Lembre-se de que, de agora em diante, você deve chamá-lo de Capodeicapi. Ele não é mais o seu pai.

Bryan abaixou a cabeça, e as lágrimas voltaram a escorrer de seus olhos, vi em seu olhar a dificuldade em aceitar.

Sim, ninguém consegue aceitar que o próprio pai não o queira mais. Quando eu ponderava se deveria pedir para Pedro deixar Bryan ficar, Bryan apertou forte minha mão e disse com firmeza:

— Mãe, eu vou com você, mas quero passar mais um aniversário com o papai, pode ser?

Não tive coragem de magoá-lo ainda mais, então o abracei apertado e assenti com a cabeça.

— Pode.

O aniversário de Bryan era em 23 de dezembro.

Dois dias antes, lembrei Pedro de propósito, não precisava preparar nada, só queria que ele voltasse para passar um tempo com Bryan.

Embora meu sentimento de esposa por Pedro tivesse se esgotado, ainda desejava que Bryan pudesse ser feliz.

No dia do aniversário, Bryan levantou cedo, vestiu um terninho e ficou na janela, olhando para o portão.

— Mãe, o pai vai vir comemorar meu aniversário, não vai?

Bryan perguntou, um pouco nervoso.

— Com certeza virá.

Arrumei a gola da camisa dele, também estava tão ansiosa quanto Bryan, pois já havia mandado cinco mensagens para Pedro, e ele não respondeu nenhuma.

O bolo de sorvete sobre a mesa já começava a derreter. Bryan baixou a cabeça, abriu a embalagem das velas e foi espetando-as, uma a uma, no bolo, ao todo, seis.

— O pai não vai vir, não é?

Depois de um tempo, Bryan pareceu entender, murmurando para si mesmo. Ao ver meu olhar de compaixão, ele até tentou me consolar:

— Não tem problema, mãe, comemorar com você já me deixa feliz. O Capodeicapi deve estar muito ocupado, não vamos incomodá-lo.

Foi a primeira vez que meu filho chamou Pedro de Capodeicapi, com respeito, mas distante.

Ele parecia ter crescido de repente, aceitando o fato de não ser amado pelo pai, embora seus olhos avermelhados revelassem sua tristeza.

Afinal, era só uma criança de seis anos.

Ao ver meu filho tentando ser forte apesar da mágoa, a raiva me consumiu de tal forma que meu peito ardia de dor.

Peguei o celular, decidida a ligar para Pedro e cobrar explicações.

Foi então que uma mensagem chegou, era a resposta de Pedro:

— Venha para a Mansão Lacerda.

Mostrei o celular para Bryan:

— Olha, filho, o pai ainda lembra do seu aniversário.

Bryan abriu um sorriso radiante, puxou minha mão e saiu correndo comigo.

Durante o caminho, Bryan não parava de imaginar qual surpresa o pai teria preparado, ajeitando a roupa repetidas vezes e dizendo:

— O pai é o Capodeicapi mais forte da Costa Oeste, eu sou o filho dele, não posso envergonhá-lo.

Logo chegamos à mansão, mas meu sorriso se desfez.

Vi o tapete vermelho e as rosas se estendendo desde o portão.

Definitivamente, não era uma decoração para festa de criança.

Bryan, porém, não percebeu nada disso. Feliz, saltou do carro e correu para dentro.

Acompanhei, com o coração acelerado, torcendo para não ser o que eu imaginava.

No gramado da festa, havia uma torre de champanhe de vários andares e um bolo de três camadas coberto de creme. Bryan, ao ver Pedro ao lado do bolo, ficou radiante.

— Pai!

Correu, pulando nos braços de Pedro. Mas Pedro não o abraçou de volta, surpreso, afastou Bryan e perguntou:

— O que vocês estão fazendo aqui?

Senti meu coração afundar.

— Hoje não é o noivado do Capodeicapi com Violeta? Dizem que toda a Família Lacerda e os Moraes estão presentes. Como assim aparece de repente um filho desse tamanho? Isso não é uma afronta para as duas famílias?

As conversas ao redor nos cercaram instantaneamente. Pedro, com o rosto fechado, recuou dois passos e olhou severamente para Bryan, dizendo:

— Como você me chamou?

Bryan, assustado pela pressão da raiva de Pedro, ficou paralisado, com os olhos marejados, mas sem deixar as lágrimas cair.

Pedro já lhe ensinava que um homem da Máfia não chorava.

Depois de um tempo, Bryan, tremendo, balbuciou:

— Capodeicapi.
Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP