Ao ouvir o chamado de Bryan, o rosto de Pedro suavizou um pouco, e as conversas ao redor também diminuíram.
Bryan olhou para o grande bolo ao lado e disse:
— Capodeicapi, essa festa de aniversário foi preparada para mim? Posso cortar o bolo com você?
Bryan aguardara por esse aniversário por muito tempo, em seu coração, estar ao lado de Pedro já bastava, mesmo que não pudesse chamá-lo de pai.
Mas, nesse instante, uma mulher vestida com um traje vermelho, maquiada de modo exuberante, aproximou-se de Pedro, enlaçando seu braço e disse:
— Não pode, não.
— Querido, hoje é nosso jantar de noivado, uma celebração privada. Acho que pessoas de fora não podem participar, não é?
Ela ignorou Bryan e falou diretamente com Pedro.
Entendi então que tudo aquilo fora planejado por Violeta. Foi ela quem enviou a mensagem que nos trouxe até aqui, não só para nos humilhar em público, mas também para forçar Pedro a admitir diante de todos que éramos forasteiros.
Não era só Violeta quem olhava para Pedro, eu também me aproximei, posicionando-me diante de Bryan, encarando Pedro e perguntei em tom grave:
— É isso mesmo, Pedro? Eu e Bryan somos pessoas de fora?
A discussão atraiu ainda mais olhares curiosos, até Dona Laura da Família Lacerda e o atual Capo da família Moraes se aproximaram para assistir.
O rosto de Pedro empalideceu, ele escutou atrás de si uma forte tosse de Dona Laura e, por fim, abaixou a cabeça e disse:
— Sim, eles são de fora.
Violeta levantou o rosto para mim com um sorriso vitorioso, parecendo um bode que acabara de ganhar uma disputa.
As pessoas ao redor começaram a nos acusar de estragar uma festa que deveria ser alegre.
Alguns reconheceram quem eu era Yolanda e disseram que eu queria repetir o mesmo truque para seduzir Pedro.
Bryan já estava completamente assustado, tremendo sem amparo diante das zombarias.
Minha raiva atingiu o auge. Caminhei rapidamente até a torre de champanhe, peguei uma taça da camada mais baixa.
A torre de champanhe atrás de mim balançou e desabou com estrondo, estilhaços de vidro voando por toda parte e arrancando gritos dos convidados. O líquido dourado molhou metade do cabelo de Violeta, deixando-a com a aparência de um frango molhado.
Ergui minha taça e, olhando para Pedro, disse:
— Já que é um dia tão feliz, desejo a vocês que jamais se separem.
Depois disso, virei a taça de uma vez e, soltando-a, deixei o copo cair no chão.
Peguei Bryan pela mão, virei as costas e saí sem olhar para trás.
Bryan não tremia mais, seus olhos brilhavam enquanto me encarava, como se visse uma heroína:
— Mamãe é incrível!
Sorrindo, abracei Bryan e, em voz alta o suficiente para Pedro ouvir, declarei:
— A partir de agora, Bryan será apenas meu filho. Ele não tem pai...
Antes que eu terminasse, dois seguranças nos barraram o caminho.
Como pude esquecer? O orgulho das famílias da Máfia não admitia ser desafiado, e eu acabara de interromper o noivado das famílias Lacerda e Moraes.
— Yolanda, é assim que a Família Gomes se comporta? Peça desculpas agora!
A voz estridente de Violeta soou.
Coloquei Bryan atrás de mim e encarei Violeta sem a menor intenção de recuar.
Eu desconhecia esses códigos de etiqueta de que falavam, só sabia que ninguém da Família Gomes se curvava.
— Se não pedir desculpas, juro que você não sairá deste salão. Nossa Família Moraes vai declarar guerra à Família Gomes!
Levantei os olhos e vi Pedro ao longe, ele tinha um olhar de compaixão, mas não fez nada para impedir.
Sorri com ironia, lembrando do Pedro de sete anos atrás, dançando comigo no baile com o rosto corado, do Pedro de cinco anos atrás, que me pediu em casamento com uma safira azul, e do Pedro de três anos atrás, prometendo ser Capodeicapi e fazer de mim sua única esposa.
Na memória, o rosto do jovem foi desaparecendo pouco a pouco.
Nestes anos, nossa Família Gomes já era a mais forte da Costa Leste, embora sempre discreta, e por eu ser a noiva de Pedro, meu pai nunca avançou para dominar as famílias da Costa Oeste.
Olhando para Violeta, tentando me intimidar com sua família, curvei os lábios, achando graça.
— A enfraquecida Família Moraes, para sobreviver, te fez deitar com dois Capodeicapi dos Lacerda. Você é apenas filha de um Soldato de um ramo secundário dos Moraes, realmente acha que eles enfrentariam a Família Gomes por sua causa?
Revelei sem emoção a real situação de Violeta, e vi seu rosto se distorcer de raiva diante de mim.
— Que audácia! Como se atreve a difamar a Família Moraes? Alguém, expulse-a daqui!
Alguns seguranças se aproximaram, mas Bryan correu para frente, ficando entre mim e eles, e disse a Pedro:
— Pai... não, Capodeicapi, por favor, não deixe que machuquem minha mãe.
— Parem todos!
Pedro ordenou, surpreso ao olhar para Bryan, o menino parecia ter amadurecido de repente. Pedro quis dizer algo, mas Bryan deu um passo atrás, abaixando a cabeça diante dele, já distante:
— Aqui não somos bem-vindos. Eu e mamãe vamos embora agora. Obrigado pela hospitalidade de hoje.
Bryan me puxou pela mão e se virou para sair, apertei sua mão com força, como se segurasse todo o meu mundo.
No último dia, Pedro ainda não voltou para casa. Apenas me enviou uma mensagem:
— Não fique brava. Daqui a alguns dias, volto para ficar com vocês.
Eu sabia com o que ele estava ocupado, preparando o casamento, consolidando sua posição como Capodeicapi.
No último dia, arrumei todas as nossas coisas, levei tudo que era meu e de meu filho para o jardim e queimei até não sobrar nada.
Peguei a mão de Bryan, me despedi e embarquei no avião para o exterior.
Antes de desligar o celular, enviei a Pedro a última mensagem.