Capítulo 4
Ao ouvir o chamado de Bryan, o rosto de Pedro suavizou um pouco, e as conversas ao redor também diminuíram.

Bryan olhou para o grande bolo ao lado e disse:

— Capodeicapi, essa festa de aniversário foi preparada para mim? Posso cortar o bolo com você?

Bryan aguardara por esse aniversário por muito tempo, em seu coração, estar ao lado de Pedro já bastava, mesmo que não pudesse chamá-lo de pai.

Mas, nesse instante, uma mulher vestida com um traje vermelho, maquiada de modo exuberante, aproximou-se de Pedro, enlaçando seu braço e disse:

— Não pode, não.

— Querido, hoje é nosso jantar de noivado, uma celebração privada. Acho que pessoas de fora não podem participar, não é?

Ela ignorou Bryan e falou diretamente com Pedro.

Entendi então que tudo aquilo fora planejado por Violeta. Foi ela quem enviou a mensagem que nos trouxe até aqui, não só para nos humilhar em público, mas também para forçar Pedro a admitir diante de todos que éramos forasteiros.

Não era só Violeta quem olhava para Pedro, eu também me aproximei, posicionando-me diante de Bryan, encarando Pedro e perguntei em tom grave:

— É isso mesmo, Pedro? Eu e Bryan somos pessoas de fora?

A discussão atraiu ainda mais olhares curiosos, até Dona Laura da Família Lacerda e o atual Capo da família Moraes se aproximaram para assistir.

O rosto de Pedro empalideceu, ele escutou atrás de si uma forte tosse de Dona Laura e, por fim, abaixou a cabeça e disse:

— Sim, eles são de fora.

Violeta levantou o rosto para mim com um sorriso vitorioso, parecendo um bode que acabara de ganhar uma disputa.

As pessoas ao redor começaram a nos acusar de estragar uma festa que deveria ser alegre.

Alguns reconheceram quem eu era Yolanda e disseram que eu queria repetir o mesmo truque para seduzir Pedro.

Bryan já estava completamente assustado, tremendo sem amparo diante das zombarias.

Minha raiva atingiu o auge. Caminhei rapidamente até a torre de champanhe, peguei uma taça da camada mais baixa.

A torre de champanhe atrás de mim balançou e desabou com estrondo, estilhaços de vidro voando por toda parte e arrancando gritos dos convidados. O líquido dourado molhou metade do cabelo de Violeta, deixando-a com a aparência de um frango molhado.

Ergui minha taça e, olhando para Pedro, disse:

— Já que é um dia tão feliz, desejo a vocês que jamais se separem.

Depois disso, virei a taça de uma vez e, soltando-a, deixei o copo cair no chão.

Peguei Bryan pela mão, virei as costas e saí sem olhar para trás.

Bryan não tremia mais, seus olhos brilhavam enquanto me encarava, como se visse uma heroína:

— Mamãe é incrível!

Sorrindo, abracei Bryan e, em voz alta o suficiente para Pedro ouvir, declarei:

— A partir de agora, Bryan será apenas meu filho. Ele não tem pai...

Antes que eu terminasse, dois seguranças nos barraram o caminho.

Como pude esquecer? O orgulho das famílias da Máfia não admitia ser desafiado, e eu acabara de interromper o noivado das famílias Lacerda e Moraes.

— Yolanda, é assim que a Família Gomes se comporta? Peça desculpas agora!

A voz estridente de Violeta soou.

Coloquei Bryan atrás de mim e encarei Violeta sem a menor intenção de recuar.

Eu desconhecia esses códigos de etiqueta de que falavam, só sabia que ninguém da Família Gomes se curvava.

— Se não pedir desculpas, juro que você não sairá deste salão. Nossa Família Moraes vai declarar guerra à Família Gomes!

Levantei os olhos e vi Pedro ao longe, ele tinha um olhar de compaixão, mas não fez nada para impedir.

Sorri com ironia, lembrando do Pedro de sete anos atrás, dançando comigo no baile com o rosto corado, do Pedro de cinco anos atrás, que me pediu em casamento com uma safira azul, e do Pedro de três anos atrás, prometendo ser Capodeicapi e fazer de mim sua única esposa.

Na memória, o rosto do jovem foi desaparecendo pouco a pouco.

Nestes anos, nossa Família Gomes já era a mais forte da Costa Leste, embora sempre discreta, e por eu ser a noiva de Pedro, meu pai nunca avançou para dominar as famílias da Costa Oeste.

Olhando para Violeta, tentando me intimidar com sua família, curvei os lábios, achando graça.

— A enfraquecida Família Moraes, para sobreviver, te fez deitar com dois Capodeicapi dos Lacerda. Você é apenas filha de um Soldato de um ramo secundário dos Moraes, realmente acha que eles enfrentariam a Família Gomes por sua causa?

Revelei sem emoção a real situação de Violeta, e vi seu rosto se distorcer de raiva diante de mim.

— Que audácia! Como se atreve a difamar a Família Moraes? Alguém, expulse-a daqui!

Alguns seguranças se aproximaram, mas Bryan correu para frente, ficando entre mim e eles, e disse a Pedro:

— Pai... não, Capodeicapi, por favor, não deixe que machuquem minha mãe.

— Parem todos!

Pedro ordenou, surpreso ao olhar para Bryan, o menino parecia ter amadurecido de repente. Pedro quis dizer algo, mas Bryan deu um passo atrás, abaixando a cabeça diante dele, já distante:

— Aqui não somos bem-vindos. Eu e mamãe vamos embora agora. Obrigado pela hospitalidade de hoje.

Bryan me puxou pela mão e se virou para sair, apertei sua mão com força, como se segurasse todo o meu mundo.

No último dia, Pedro ainda não voltou para casa. Apenas me enviou uma mensagem:

— Não fique brava. Daqui a alguns dias, volto para ficar com vocês.

Eu sabia com o que ele estava ocupado, preparando o casamento, consolidando sua posição como Capodeicapi.

No último dia, arrumei todas as nossas coisas, levei tudo que era meu e de meu filho para o jardim e queimei até não sobrar nada.

Peguei a mão de Bryan, me despedi e embarquei no avião para o exterior.

Antes de desligar o celular, enviei a Pedro a última mensagem.
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