Lucas
A sala do galpão onde eu e Júlio nos encontrávamos cheirava a mofo e ferrugem. A poeira acumulada sobre as janelas e o calor abafado do lugar só deixavam tudo mais sufocante. Mas o que realmente incomodava era o peso da proposta que acabávamos de receber. Sentado numa cadeira velha, com os cotovelos apoiados nos joelhos e a testa franzida, eu ainda tentava processar tudo que a Luiza tinha dito na noite anterior.
— Isso é uma loucura — resmunguei, finalmente quebrando o silêncio.
Júlio, que estava encostado na parede com os braços cruzados, soltou uma risada seca.
— Loucura? Isso já ultrapassou a linha da insanidade faz tempo.
— Ela quer que um de nós assuma a culpa pelo atentado contra o Alexandre. Que a gente se entregue, diga que foi o mandante, que o Augusto não tem nada a ver com isso... E tudo isso por dinheiro.
— Muito dinheiro — ele rebateu, endireitando o corpo e vindo em minha direção. — Dinheiro suficiente pra sumir do mapa depois. Viver bem. Sem olhar pra trás.
Balanc