8. Entre a Frieza e o Desejo
Kairos se virou e saiu, e eu fiquei olhando para o nada tentando assimilar tudo o que aconteceu.
O dia seguinte começou envolto em uma atmosfera pesada, como se a noite anterior tivesse deixado marcas invisíveis entre nós dois. Eu não vi Kairos pela manhã, mas a simples ideia de encontrá-lo ainda me fazia lembrar da proximidade sufocante do quase-beijo que compartilham os nossos silêncios.
O destino, porém, parecia disposto a testar a minha sanidade. Logo cedo, uma reunião importante havia sido marcada no hotel em que estávamos hospedados. O salão de conferências, amplo e iluminado, parecia frio demais para o calor que eu ainda sentia na memória. Entrei no espaço carregando uma pasta com documentos, forçando a mim mesma a adotar a postura profissional que tanto me protegia.
Kairos já estava lá. Sentado à cabeceira da mesa, impecável em sua presença, seu olhar não vacilou quando me viu entrar. Não houve sorriso, nem mesmo o resquício da intensidade da noite anterior. Apenas frieza.