19. O tempo fechou
Kairos não pediu permissão.
Ele simplesmente avançou, cruzando a soleira com passos firmes, e sua presença preencheu o espaço de forma quase sufocante. A postura rígida, os olhos fixos, a energia controlada e, ao mesmo tempo, ameaçadora. Eu ainda segurava a maçaneta da porta, atônita com a forma como o ambiente havia mudado de um segundo para o outro.
Noah endireitou-se, o corpo tenso, como se tivesse acabado de ser desafiado. Seus dedos se fecharam em punho, mas o sorriso artificial em seus lábios denunciava que ele tentava manter a compostura.
— Quem é esse? — perguntou Noah, a voz baixa, porém carregada de hostilidade.
Kairos não desviou o olhar. Estava imóvel, observando-o de cima a baixo como quem avalia uma ameaça. Seus olhos, frios e calculados, nunca tremiam.
— Eu poderia perguntar o mesmo. — respondeu, seco.
Senti o ar rarefeito em meus pulmões. O choque entre os dois era quase físico, como se o apartamento fosse pequeno demais para abrigar aquelas duas forças opostas.