Vozes no Escuro
O alarme não era real. Mas ninguém sabia disso ainda.
Era pouco depois das duas da madrugada quando a sirene suave, como um sussurro metálico, ecoou entre as árvores. Três estalos repetidos. Um apito baixo. As crianças acordaram assustadas, algumas chorando. Clara, já de pé, pegou o rádio na cabeceira.
— Iniciamos a simulação. Nível três. Repetindo: simulação nível três. Confirmou Mateus pela linha segura.
Clara respirou fundo. Era agora que tudo que haviam ensaiado precisava funcionar.
No galpão, Alfredo puxou a manta que cobria a porta para o abrigo subterrâneo. Luzes de emergência acenderam automaticamente. Camila, com uma lanterna de cabeça, guiava os pequenos que saíam dos dormitórios em fila, com cobertores enrolados e olhares confusos.
— É só uma brincadeira noturna, pessoal. Igual aos jogos que fizemos hoje. Disse ela, suavizando a tensão com uma canção de ninar murmurada.
Os adolescentes mais velhos cumpriram suas funções com precisão. Mariana fez o sinal de