A Última Palavra de Arturo
O sol poente coloria de cobre os telhados da Fazenda Feitiço do Sol Nascente quando Arturo pediu que todos se reunissem no pomar.
Aos noventa e dois anos, ele ainda exibia a postura orgulhosa de antigo Dom, mas agora o olhar carregava uma doçura que só a velhice concede aos que escolhem reverenciar a vida.
Sentado numa cadeira de balanço improvisada com couro e madeira de ipê, mandou chamar Luna, Théo, Clara, Felipe, Gabriel, Mariana, Paola, Jonh, Joana, Mateus, Maurício e uma dúzia de crianças que o adotaram como avô.
— Insolentes, aproximem-se! Exclamou com voz rouca, porém firme. Hoje lhes conto meu último segredo, antes que o vento o leve.
As crianças se acomodaram na grama, formando um semicírculo. Luna cruzou os braços, fingindo severidade.
— Vai se confessar, velho teimoso?
— Talvez! Respondeu ele, erguendo a sobrancelha.
— Ou talvez eu só queira garantir que não me transformem num santo depois que eu partir.
—Santos são entediantes.
Arturo respi